Em postagens recentes, já analisamos as relações entre grupos protestantes tradicionais e grupos evangélicos no Brasil. Os grupos protestantes incluíram doutrinas mais liberais o que lhes facilitam chegar nas montanhas da Mídia e Artes. Os grupos evangélicos se posicionaram com doutrinas mais conservadoras, o que lhes permite abrigar famílias mais resilientes e igrejas em crescimento. As ações de Governo, a dinâmica da economia e a educação recebida e exercida orbita entre esses pólos de influência.
https://institutoparacleto.org/2016/09/08/efeito-clinton-entre-evangelicos-e-protestantes-nos-eua/
https://institutoparacleto.org/2016/09/04/efeito-cunha-entre-evangelicos-e-protestantes/
Em outubro de 1517, o então frade e teólogo Martinho Lutero afixou uma folha impressa contendo 95 teses que dariam início à Reforma Protestante. O aniversário de 500 anos do episódio tem impulsionado eventos e exposições ao redor do mundo. Estima-se que, hoje, 12% da população mundial seja protestante. Trata-se de um grupo plural, composto por diversas denominações.
As mais antigas preferem ser chamadas de protestantes. Outras se identificam com o termo “evangélico”, que vem do grego e significa “boas novas”. Durante o Século XVIII, na Inglaterra, as bandeiras das reformas “dentro da lei e da ordem” passaram às mãos das correntes Evangélicas, revigoradas com a expansão do Metodismo de John Wesley. Oradores do porte de Thomas Clarkson e William Wilberforce reuniam multidões na sua pregação contra o tráfico de escravos africanos e os vícios da “aristocracia” e da “plebe” (alcoolismo, promiscuidade sexual, esportes cruéis, etc.), antecipando um quadro de moralidade religiosa burguesa (middle class morality) que se fortaleceria no decorrer do século XIX.
Outras igrejas e Instituições preferem retirar a relação com os evangélicos. Esse foi o motivo para a Sociedade Evangélica da Universidade de Princeton remover o “evangélica” do nome. Fundada há oito décadas, a associação foi rebatizada como Sociedade Cristã de Princeton. Segundo William Boyce, atual secretário-executivo do grupo, a mudança foi necessária porque “nos últimos anos estamos vendo mais estudantes que não se reconhecem ou não compreendem corretamente o termo ‘evangélico’”.
Na Europa, os católicos se aproximam dos protestantes pois é um grupo menos proselitista. Nos EUA, católicos se aproximam dos evangélicos pois são mais conservadores. Na América Latina, o padrão segue o europeu.
De 1991-2000 os evangélicos em geral cresceram cerca de 120%, porém, na década de 2001 a 2010 os evangélicos cresceram aproximadamente 62%. Os dados mostram que o Pentecostalismo puxou o crescimento, evidenciando estagnação e declínio das igrejas protestantes.
Marco Davi de Oliveira, em sua obra A religião mais negra do Brasil, tenta responder qual é a religião representativamente mais negra do Brasil e por que essa identificação dos negros. O pesquisador descobre que a religião com o maior número de negros não são as religiões Afro, nem a Igreja Católica, tão pouco os protestantes históricos, mas, sim, os pentecostais. Ele constata que os negros brasileiros se converteram e passaram a fazer parte das igrejas pentecostais, em grande número, nas últimas décadas. O que torna a igreja pentecostal a religião com maior número de negros no Brasil.
Para o também estudioso do pentecostalismo latino americano, Jean- Pierre Bastian, nas práticas pentecostais, a conversão e a emoção são indissociáveis. Ao contrário da Teologia da Libertação que pretendia a construção do pobre como sujeito conscientizado, ou do protestantismo histórico que pretendia formar sujeitos autônomos e críticos, “o pentecostalismo constrói a categoria de pobre, não no plano cognitivo, mas no plano emocional, por um discurso de consolo e uma prática terapêutica”.
Muitos trabalhos acadêmicos recente passaram a reconhecer a presença das igrejas pentecostais em comunidades pobres das grandes cidades brasileiras e relacionar com a ascendência dos negros na sociedade brasileira. Ser negro e, além disso, evangélico, não era decisão fácil há algumas décadas atrás no Brasil.