No Censo IBGE de 2000, Belo Horizonte era a capital do Sudeste com os mais elevados percentuais de católicos, que representavam 70% da sua população. No Centro e em bairros próximos, como Savassi, Anchieta e Sion, as porcentagens chegavam até a 80% de fiéis.

Com pouco mais de 145 mil fiéis no município e 106 mil no restante da região metropolitana, correspondendo respectivamente, a 6,5% e 5,5% da população, Belo Horizonte ocupava o quarto lugar entre as capitais brasileiras, quanto à proporção de evangélicos de missão no total dos seus habitantes. Os evangélicos de missão se mostravam mais expressivos, sobretudo, num conjunto de bairros localizados no norte da cidade, onde o seu peso podia representar até 13% da população.

Deputados BHCom 10,5% da população se declarando evangélica pentecostal e tendo apresentado um aumento de +4,4 pontos percentuais, entre 1991 e 2000, Belo Horizonte não se destaca, entre as capitais brasileiras, pela importância do pentecostalismo. Já na sua periferia metropolitana, os pentecostais, com 15,7% de fiéis, se mostram mais expressivos em decorrência de um crescimento de +7 pontos percentuais, na década de 1990.

Assim, o Evangelho Quadrangular reúne 3,6% de fiéis, a Assembleia de Deus 2,6%, a Igreja Universal do Reino de Deus 2% e Deus é Amor 1,2%.

O grupo religioso que se encontrava, no entanto, em pior situação era o dos evangélicos pentecostais, já que 60,7% deles recebem de 0 a 1 salário mínimo, ao passo que os fiéis das demais confissões religiosas se mostravam em melhor situação.

De acordo com o Censo de 2010, 25% da população de Belo Horizonte é de evangélicos. Já no Legislativo da capital, considerando o universo de 41 vereadores, nove são evangélicos – 21% dos parlamentares -, o que indica que a representatividade no Legislativo municipal está muito próxima da realidade.

O levantamento do IBGE, que faz o cruzamento de dados de nupcialidade com religião e grau de instrução, aponta ainda maior percentual de divorciados entre espíritas e de uniões consensuais entre aqueles que se declararam sem religião. Enquanto a média de divorciados gira em torno dos 3% entre católicos e evangélicos, no grupo de espíritas, esse percentual chega a 6,9%. Já em relação às uniões consensuais, enquanto nas demais crenças os números não ultrapassam os 30%, entre o grupo dos sem religião, as uniões sem papel passado chegam a 47,7% do total.

BH1BH2Enquanto em todo o país o número de pessoas que se declarou católica caiu de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010 (queda de nove pontos percentuais), em Minas a diminuição foi menor, de 78,7% para 70,4% (-8,3 pontos percentuais). A dificuldade da Igreja Católica em manter seu rebanho é reflexo da falta de alcance da instituição milenar, avalia o professor Flávio Senra, chefe do Departamento de Ciências da Religião da PUC Minas. “Evangélicos são mais ágeis e agregam com mais facilidade tecnologias e meios modernos de comunicação. Enquanto uma liderança católica leva cerca de sete anos para ser formada, uma igreja pode ser aberta em dois anos, numa rua perto da casa das pessoas”, compara. O Triângulo Mineiro é a região do Brasil com maior concentração de espíritas, de acordo com o Censo 2010. Para a demógrafa do IBGE Luciene Longo, os trabalhos do médium Chico Xavier (1910-2002) em Uberaba e cidades próximas foram fundamentais para isso.

 

Em Brasília, com 66,6% da população se declaram católico, entre 1991 e 2000 houve uma perda de fiéis da ordem de -11,5 pontos percentuais. No Censo de 2000, dentre os evangélicos de missão existentes na Capital, os batistas eram os mais representativos, ao reunirem 3,4 % dos habitantes, seguidos, de longe, pelos presbiterianos, com 1,2%, e pelos adventistas, com 0,8%.

Brasília1Brasília2Com quase 260000 fiéis, o Distrito Federal assiste à consolidação da presença pentecostal, uma vez que o seu peso dobrou, entre 1991 e 2000, passando de 6,7% a 12,8%, o que correspondeu a um ganho de +6,1 pontos percentuais. Nota-se, entretanto, uma nítida diferença entre as cidades-satélites mais próximas do Plano Piloto, como Guará e Núcleo Bandeirantes, menos afetadas pelo pentecostalismo, e as mais distantes, como Brazlândia e Ceilândia, onde ele congrega mais de 15% dos habitantes. Samambaia apresentava 20 % de evangélicos pentecostais de seus habitantes. Dentre as religiões pentecostais existentes na Capital, a Assembléia de Deus dominava amplamente, com 6,0% dos habitantes, seguida, de longe, pela Igreja Universal do Reino de Deus, com 2,2%.

Nos 10 últimos anos, quando representavam 66,1% da população, o número de fiéis católicos encolheu quase 10 pontos percentuais. Enquanto isso, os cultos evangélicos conquistaram milhares de adeptos na capital do país e já são a opção de 26,8% dos moradores— há 10 anos, eles não chegavam a 20%.

O avanço dos evangélicos fica ainda mais evidenciado quando se olha para os números absolutos. Na primeira década deste século, a população do DF cresceu 25,3%. No mesmo período, o total de católicos aumentou apenas 7,2%, enquanto o exército de seguidores da crença que mais avança no país aumentou 10 vezes (72,7%).De 2000 a 2010, a população católica aumentou em 98.009 fiéis, enquanto no mesmo período surgiram 290.920 evangélicos.

Significa dizer que, para cada novo seguidor da igreja romana, há mais três evangélicos. As duas crenças com o maior número de fiéis—juntas, elas somam 2,1 milhão de pessoas— reúnem 83,4% de toda a população do DF.

A perda de espaço para os evangélicos também levou o Distrito Federal a ser uma das unidades da Federação com o menor número proporcional de fiéis católicos. No ranking nacional católico, o DF aparece em 23º lugar. Piauí,Ceará e Paraíba ocupam, respectivamente, os três primeiros lugares da lista.

A análise é do professor do departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB) José Jorge de Carvalho. “O catolicismo está mais ligado à Europa, enquanto o protestantismo está ligado aos americanos. A própria palavra gospel tem origem americana. E o jovem está mais exposto a essa americanização feroz da sociedade seja na forma de vestir, na comida e na religião”, afirma. Além disso, Carvalho sugere que a Igreja Católica vive uma crise de valores e deixa o campo aberto para outros grupos. “Existe uma guerra cultural, uma guerra por pessoas e por poder.”

Já o professor de antropologia da religião da Universidade Católica de Brasília (UCB), Aurélio Rodrigues da Silva, acredita que, devido à tradição, o catolicismo não conseguiu avançar nos últimos anos. “A estrutura é muito fechada e a hierarquia, muito rígida. Para ser padre há um longo processo e você tem que optar pelo celibato, por exemplo”, explica. Em contrapartida, continua, nas doutrinas de raiz protestante, qualquer pessoa pode se tornar uma líder espiritual. “A igreja evangélica oferece um serviço espiritual mais imediato, feito por um líder da comunidade e não obrigatoriamente por um pastor. Nesse aspecto, esse segmento está mais aberto às pessoas”, completa.

Os dados levantados pelo IBGE também registraram o número de pessoas que se declararam sem religião. No DF são mais de 236 mil pessoas, o que representa 9,2% da população. Outro fator, que opinião do teólogo Bosco, contribui para a diversificação religiosa.

— O ser humano está assumindo a ausência de Deus em sua vida. E isso significa dizer que o homem está focado em si mesmo para resolver questões internas. Este grupo também nega a importância da fé e a necessidade de religião.

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