O crescimento do ministério profético durante os anos 800 a 200 Antes de Cristo é referido como transformação axial de Israel. Muitos historiadores e sociólogos compartilham dessa visão em outras sociedades na China, Índia, Grécia e Pérsia.
Historiadores chamam esse período, que se estendeu de cerca de 800 a 200 a.C, de “Era Axial”, termo cunhado pelo filósofo alemão Karl Jaspers, e que tem a ver com “eixo” – porque se revelou fundamental para a humanidade: era como se a mente do mundo passasse a “entrar nos eixos”, por algum motivo que não podemos explicar, ao mesmo tempo em todas as partes do mundo. Princípios forjados e compreensões adquiridas nessa era continuam a alimentar homens e mulheres até hoje.
Sidarta Gautama iria se tornar um dos mais importantes e típicos luminares da Era Axial, junto com os grandes profetas hebraicos dos séculos VIII, VII, VI. Confúcio e Lao-tsé, que reformaram as tradições religiosas da China nos séculos VI e V. O sábio iraniano Zarathustra, do século VI. Sócrates e Platão exortaram os gregos a questionarem até mesmo as verdades que pareciam evidentes por si mesmas como as mitologias.
No século IV, Filipe II e Alexandre iniciaram uma campanha militar contra a Pérsia após o fim do profetismo em Israel. O período interbíblico coincide com a história dos macabeus. Os Macabeus foram os integrantes de um exército rebelde judeu que assumiu o controle de partes da Terra de Israel, até então um Estado-cliente do Império Selêucida, herdado pelos generais após a morte de Alexandre. Os macabeus fundaram a dinastia dos Hasmoneus, que governou de 164 a 37 a.C.
Comecemos pelo primeiro homem chamado de “profeta”. Surgiu o primeiro termo hebraico, navi. É Abraão, em Gênesis 20.7, no testemunho que o próprio Deus dá a Abimeleque: “restitui a mulher a seu marido, porque é profeta”. O primeiro homem visto como profeta nacional, navi também, é Moisés. Ele se torna, inclusive, o padrão para os demais profetas. Em Deuteronômio 18.15 se lê: “o Senhor teu Deus te suscitará um navi como eu, do meio de ti, de teus irmãos. A ele ouvirás”. Esta palavra é digna de nota porque é a única referência, na lei, à profecia como instituição. Este momento requer nossa atenção, porque Moisés nos é mostrado como o padrão profético.
O segundo termo hebraico para “profeta” é ish Elohim, homem de Deus. Era um reconhecimento que os outros faziam do profeta. O termo aparece 76 vezes no Antigo Testamento e quase na metade das vezes é aplicado a Eliseu.
O terceiro termo, na realidade, é expresso por duas palavras hebraicas: ro’eh e hozeh. Eles se intercambiam no uso e têm, ambas, o sentido de vidente. Ro’eh, o termo mais comum, deriva do verbo “ver”. Um dos seus usos está em Amós 7:12 onde Amazias chama a Amós de ro’eh: “Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá, e ali come o teu pão, e ali profetiza”.
A LXX traduz os três termos, navi, ro’eh, hozeh por prophetês, vendo-os numa direção apenas. É o termo que o Novo Testamento utiliza quase 150 vezes. O sentido é “falar por alguém”. Também são usados, comumente, mas menos vezes mais três termos hebraicos: sophi’im, significando atalaia (Jr 6.17; Ez 3.17; 33.2,6,7); shomer, significando atalaia, sentinela, guarda (Is 21.11,12; 62.2) e raah, significando pastor (Jr 23.4; Ez 34.2-10; Zc 11.5,16). Não têm, no entanto, a repetição e a singularidade dos termos anteriores.
O profeta Jeremias viu um oleiro fazendo um vaso e compreendeu a relação entre Iahweh e Israel (18.1-4). Ele viu uma vara de amendoeira florescendo (1.11-12) e fez um trocadilho: ele viu uma “amendoeira” (shaqed) que soa parecido com “vigilante” (shoqed).
O profeta vê o que os outros não vêm. Chamaríamos isso, hoje, de discernimento. O profeta é, quase sempre, uma voz contra a multidão, um solitário, um rejeitado. É um crítico do seu tempo e muitas vezes é rejeitado e incompreendido por causa disso. Jeremias é o modelo clássico do profeta solitário.
O profeta verdadeiramente profeta é um instrutor do povo de Deus dentro da Palavra de
Deus. Ele ensina os preceitos da aliança, e proclama, em nome de Deus, a maneira correta de proceder. Ele fala não apenas em nível individual, mas também em nível coletivo. Mostra os pecados de pessoas e de instituições.
Segundo, precisamos de integridade pessoal. Ser voz discordante, não ser cooptado pelo
sistema e ser uma voz denunciadora exigem um caráter sério. Não encontramos os profetas vivendo de maneira leviana. Nem buscando vantagens ou riquezas pessoais. É oportuno retornamos ao Didaquê, agora no capítulo 11, versículo 10: “Todo profeta que ensina a verdade, se não pratica o que ensina, é falso profeta”.
O profeta é um homem em posse de suas faculdades intelectivas, consciente de si. Não é
alguém possuído por uma entidade que o deixa fora de si, como se fosse um médium espírita. Ser tomado pelo Espírito de Deus não invalida a pessoalidade. “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1Co 14.32).
Algumas ações fazem parte do ofício de profeta:
- Previsão _ Ação de prever efeitos decorrentes de atitudes de pessoas, cidades ou nações.
- Predição _ Ação de predizer ações de Deus ou atitudes de pessoas, cidades, grupos de povos ou nações.
- Presságio _ Ação de indicar sinal capaz de indicar causas de um evento futuro.
- Projeção _ Ação de indicar possíveis efeitos de um evento futuro.
- Prestação _ Ação de fazer ou não fazer algo em nome de uma obrigação que se tem frente a outra pessoa, cidades ou nações.
- Provisão _ Ação de prover a Palavra, de abastecer com o necessário.
- Produção _ Ação de formação, elaboração, criação, geração, realização.
- Promoção _ Ação de mover pessoas, cidades, grupos de povos ou nações para cumprir sua missão.