A urbanização acelerada traz desafios relacionados a mobilidade urbana e a qualidade de vida, mas também garante maior acesso de população a recursos de infraestrutura educacional, tecnológica e cultural que tendem a contribuir para a melhoria continua verificada na formação educacional da força de trabalho e no seu acesso a informação, o que gera mudanças não apenas nas suas qualificações, mas também nas suas atitudes em relação a trabalho.
Mais da metade dos moradores das Zonas Norte e Oeste relataram dificuldades com transporte para o local de trabalho. Os principais postos de trabalho estão localizados no Centro da cidade e, mais recentemente, alguns postos de trabalho migraram para a Barra da Tijuca.
Os deslocamentos casa-trabalho-casa da população estão sendo analisados por pesquisadores da Câmara Metropolitana, órgão do governo do estado responsável pela elaboração de um plano de desenvolvimento urbano para a metrópole, que deve ser enviado para aprovação na Assembleia Legislativa do Rio no segundo semestre deste ano. Dados obtidos pelo GLOBO mostram que a economia da Região Metropolitana do Rio é a que mais perde em todo o país por causa das longas viagens feitas por grande parte de seus trabalhadores. O custo do tempo que poderia ser investido em produtividade chegou a R$ 35,7 bilhões em 2014, segundo um levantamento feito pelo economista Guilherme Vianna, um dos técnicos do projeto. O valor corresponde a 8,1% do Produto Interno Bruto (PIB) da região.
O pesquisador alerta que grande parte dos empregos no Rio está concentrada na capital, o que acaba provocando problemas na mobilidade. Na faixa que vai do Centro da cidade até a Barra, passando pela Zona Sul, estão 56% dos empregos da Região Metropolitana do Rio, contra apenas 22% da população. Somente o Centro possui 16% do total de empregos.
Pesquisador na área de Transportes da Coppe/UFRJ e integrante da equipe do Plano Metropolitano, Rômulo Orrico salienta que a pesquisa é de 2014, quando muitos do investimentos em mobilidade, como os BRTs e a Linha 4 ainda não haviam sido inaugurados. No entanto, para ele, as melhorias não trarão impactos significativos, porque a dependência de empregos na capital em quase nada mudou.
O economista Riley Rodrigues, gerente de Estudos de Infraestrutura da Firjan e integrante da equipe de especialistas do Plano Metropolitano, utiliza outra metodologia para calcular as perdas no trânsito da Região Metropolitana e fez um levantamento de cada uma das 21 cidades. Japeri lidera no tempo gasto com deslocamentos. Os moradores de lá enfrentam, em média, 3h6min de viagem (ou 185,9 minutos) para chegar ao trabalho. Em Queimados, são 174,30 minutos e, em Nova Iguaçu, são 163,70 minutos por dia.
— Japeri tem poucos empregos. 89% da população economicamente ativa de Japeri não tem emprego formal em Japeri. Há situações em que as pessoas trabalham oito horas e gastam seis ou até oito horas se deslocando. Se a pessoa vier hoje de Japeri ou Paracambi para trabalhar na capital, vai enfrentar 54 km de trem até a Central. Se trabalhar na Barra da Tijuca, tudo bem, agora tem o metrô, só que tem mais um deslocamento de meia hora. Então, são 1h30 de trem, mais meia hora até o Jardim Oceânico. Se tiver que se deslocar até o Recreio ou Jacarepaguá, pode colocar mais 40 minutos. Só aí a pessoa já leva umas três horas. Para fazer o retorno, são mais três — exemplifica Rodrigues.
Os empreendimentos do Porto Maravilha estão vazios devido ao pico da crise econômica no Estado. A conclusão do BRT da Avenida Brasil pode ajudar o tráfego da região. Talvez, a criação de alguns Pólos de Tecnologia e Empreendedorismo em áreas da Zona Norte e Oeste podem criar mais pontes de desenvolvimento.A ideia é promover os espaços de co-working de empreendimentos privados, próximos a pontos de BRT, trem e metrô. Menos Estado, por favor.