Pesquisa do Instituto Paracleto revelou que há mais de 100 megaigrejas em pleno crescimento no Brasil. Na nossa pesquisa, cerca de 1/3 delas pertencem as Assembleias de Deus, que possuem uma estrutura multi-site, onde muitas congregações contribuem para a assistência de uma igreja-mãe. Na prática, muitas igrejas filhas são independentes com algum vínculo estatutário.
As igrejas Batistas, templos da Universal do Reino de Deus e igrejas independentes seguem como Denominações com maior número de megaigrejas. Notamos um aumento de casais pastorais nessas mega igrejas. Devido ao tamanho, o modelo congregacional se torna inviável, dando lugar ao modelo episcopal. A implantação de ministério com pequenos grupos ainda é rejeitada nas Assembleias de Deus mas utilizada nas demais Denominações.
Uma megaigreja, segundo o especialista dr. John Vaughan é aquela que reúne mais de 2.000 fiéis em seu templo. Vista como moda 20 anos atrás, o modelo continua se fortalecendo no mundo todo e a taxa de crescimento agora é cinco vezes mais rápida que no início do século. Quando o dr. Vaughan escreveu seu livro “As 20 maiores igrejas do mundo”, em 1985, apenas 27 igrejas evangélicas com mais de 6.000 fieis por culto eram conhecidas no planeta. Estima-se que os EUA tenham alcançado 2.000 megaigrejas.
No meu livro Missão da igreja: dimensões e efeitos, cito os trabalhos de Lyle Schaller que foi um dos pioneiros a destacar que o segredo da atração das megaigrejas não era o tamanho, mas a provisão de vários recursos para atender diversas necessidades de seus membros e suas comunidades.
Historicamente associadas ao continente norte-americano, as megaigrejas já chegaram à África, à Ásia e à América Latina. As novas comunidades reunidas em megaigrejas são conduzidas por pregadores carismáticos que, por essa característica, encabeçam ministérios que alcançam centenas de milhares de pessoas, ou até milhões delas, por meio de programas veiculados na mídia e outros recursos, como livros e gravações em vídeo.
Líderes norte-americanos de megaigrejas, tais como Creflo Dollar, Joel Osteen e T. D. Jakes, inspiraram muitos ministérios semelhantes em outros continentes. Em busca de estímulos espirituais mais modernos e entusiásticos, cristãos desencantados com a segregação denominacional e o liberalismo teológico consideram as megaigrejas opções interessantes.
A revista TIME, de 11 de janeiro de 2010, mostra o esforço do pr. Bill Hybels em estimular um mix racial em sua megaigreja de 23.400 membros. Pesquisas demonstram que em 2007, menos de 8% das igrejas norte-americanas experimentavam um mix racial significante. Pesquisas corroboram, revelando que igrejas com participação de 20% de minorias diminuiu 7,5% nos últimos 9 anos. Porém, nas igrejas com mais de 1.000 membros, a miscigenação quadruplicou de 6% em 1998 para 25% em 2007.
As megaigrejas podem estar afiliadas a alguma denominação ou ser totalmente independentes. Assim, embora a Igreja do Evangelho Pleno de Yoido, de David Yonggi Cho, em Seul, na Coreia do Sul, seja vinculada às Assembleias de Deus, é considerada uma megaigreja por causa da quantidade de pessoas que comumente frequenta os cultos ali. Os 700 mil adoradores que se dividem entre os muitos cultos dominicais da Igreja do Evangelho Pleno tornam essa congregação uma das maiores do mundo.
O “sucesso” do modelo original ainda está em alta em nações como a Nigéria, por exemplo. Apesar de conviver com grandes tensões religiosas entre cristãos e muçulmanos, o país mais populoso do continente africano possui pelo menos 25 megaigrejas. Pelo menos 15 delas declararam ter mais de 20.000 membros.
Em julho de 2014 foi inaugurado em São Paulo o maior templo da Igreja Universal do Reino de Deus, o Templo de Salomão, construído desde 2010 no Brás por R$ 680 milhões, que é uma réplica do templo construído pelo rei de Israel. Inaugurado em 2011 em Guarulhos, na Grande São Paulo, o mega-templo da Igreja Mundial do Poder de Deus está entre os maiores do mundo, com capacidade para 150 mil pessoas em um espaço de 240 mil m².
Para o professor de pós-graduação em ciências da religião no Mackenzie, Rodrigo Franklin, essas obras demonstram uma mercantilização da fé. “Vemos algo bem diferente do antigo cristianismo tradicional, que pregava como prioridade o sacrifício, o amor ao próximo. Hoje, os fiéis buscam autoajuda, quer ser rico agora, então ele não quer mais a pequena comunidade. Se o cara está falando que você vai ficar rico, é incoerente ele ter uma igrejinha. Se o pastor quer mostrar que o poder dele é real, ele vai continuar construindo coisas extravagantes”, afirmou Franklin.