Redes sociais e comunhão

De acordo com a pesquisa de Robert Wuthnow, “… exatamente 40% da população adulta dos EUA relata estar envolvida em um pequeno grupo que se reúne regularmente e provê algum tipo de assistência aos seus participantes.”. Muitos desses grupos têm afiliação religiosa, mas muitos outros não.

Uma Rede social consiste de uma série de atores (nós) e relações (ligações) entre esses atores. Os nós podem ser pessoas, grupos e organizações. Pesquisadores sociais identificam diferenças entre ligações fortes (famílias e amigos) e ligações fracas (colegas e conhecidos).

Robert Putnam  conceitua capital social como um conjunto de associações horizontais entre pessoas que consiste em redes sociais imbuídas de normas com efeito na produtividade de uma comunidade. O capital social organizacional, por ser desenvolvido em redes sociais, possui natureza complexa e de difícil reprodução, constituindo-se em fonte de vantagem competitiva.

As redes sociais, lócus do capital social, para serem formadas, dependem de conexões. Alguns parâmetros quantitativos têm especial importância para identificar a estrutura de uma rede social. A densidade descreve o nível geral de interações apresentadas pelos membros de uma rede, sendo associada ao número médio de conexões por membro do grupo. A centralização reflete a concentração de conexões em um número reduzido de indivíduos, em contraposição a uma distribuição mais igualitária, estando associada à variância do número de conexões por indivíduo.

O consenso necessário para construção da rede social apresenta três dimensões: grau, escopo e conteúdo. O grau representa o quanto as pessoas concordam entre si, o escopo diz respeito a quem participa do consenso, e o conteúdo se refere ao objeto do consenso. O modelo desenvolvido neste artigo não contempla, em sua análise, o grau do consenso, restringindo o escopo a situações em que as pessoas não têm conhecimento mútuo prévio antes de iniciarem um processo de interação, e o conteúdo a dois constructos, aqui considerados como “parâmetros do modelo”: valores e competências.

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Comunhão e assimilação

Pesquisas indicam que 3/4 dos crentes se tornam inativos porque não desenvolvem o senso de pertencer a igreja. Poucas igrejas conseguem obter 20 a 25% de retenção de novos convertidos.

Assimilar significa “tornar similar”. John Wesley ensinava que os novos crentes deveriam se envolver por três meses em um grupo pequeno para aprender os princípios da fé e do discipulado. Quando uma igreja não está crescendo, é porque seus membros não estão convidando. Estima-se que uma igreja precisa, regularmente, de 4 a 5% de visitantes por culto para que ocorra crescimento consistente.

Assimilar alguém dentro da vida da igreja é diferente de ajudá-los a se tornar um membro. Alguns escritores usam a palavra incorporação.

David Durey pesquisou 15 igrejas em Portland (EUA) e confirmou que 70% dos entrevistados foram atraídos e motivados a ficar numa igreja pelas mesmas razões: convite pessoal de amigos ou familiares.

Comunhão e congregação

Recentemente, li o livro Por que você não quer mais ir à igreja?, de Jacobsen e Coleman que trata de uma estória do encontro de um pastor exausto com quem considera ser o apóstolo João. Ele relata o argumento do fictício apóstolo: “A proposta de Jesus não é… reunir uma multidão de féis e construir novos templos”. A proposta do livro parece ser o retorno ao primeiro amor e à essência de ser um discípulo de Cristo. Mas o argumento citado pode pretender frear o crescimento da igreja.

O ensino religioso é alvo de críticas. Os autores citam uma pesquisa em que “… 90% das crianças que frequentaram escola bíblica abandonam a congregação quando saem da
casa dos pais.” Faltou dizer se abandonaram a fé ou mudaram de igreja após o casamento. Há uma crítica à memorização de versos bíblicos.

Oferecem o seguinte argumento: “… a Bíblia fala de líderes que prestam contas pelas vidas que afetam. Toda a responsabilidade nas Escrituras tem a ver com Deus, não com outros irmãos e irmãs.” Este ensino se propõe a quebrar o peso do pastoreio de líderes e crentes, questionando toda prestação de contas… A vida da fé já é um esforço suficiente num mundo destruído. “Não vamos complicar mais as coisas para outros féis…”. O tema do livro se reforça na busca pela liberdade da fé individual em relação às estruturas e líderes. “É a velha ideia de que é possível ser cristão sem ir à igreja, sem relacionar-se
com os irmãos e sem submeter-se à liderança local.”.

Os autores alertam: ”… O sistema inteiro se baseia num anzol. Chegamos a usar conceitos como ‘unidade doutrinária’ para controlar as pessoas e impedir qualquer possibilidade de discórdia.. Ao comentar sobre igrejas em casas: … mudar o encontro para uma casa não irá atender suas expectativas… A institucionalização gera amizades baseadas em tarefas. Enquanto partilhamos as tarefas, podemos ser amigos. Quando não, as pessoas tendem a tratar o outro como mercadoria danificada…”.

Em certo ponto do diálogo, o protagonista Jake exclama: “Isso sempre acontece nas igrejas institucionais…”. Um dos membros da célula observa: “Nós todos desperdiçamos muitos anos na igreja institucionalizada e não encontramos a vida de Deus que desejávamos.”. O fictício apóstolo João aconselha: “Só há uma coisa que eu diria que devemos fazer: é acabar com essa história de ficar falando “devemos” para nós
mesmos e para os outros.”. 
João propõe: “… Em vez de se empenharem em construir uma igreja em casa, aprendam a se amar e a partilhar a jornada uns com os outros… Jake chega à conclusão de que não há relação entre o êxito do seu trabalho na igreja e o crescimento da relação com Deus…”.

Os autores parecem propor uma espécie de “igreja no caminho”, oportuna para quem não quer assumir compromissos com igrejas e pessoas. Pode ser que muitas pessoas não queiram ir mais à igreja depois de ler esse livro. Pode ser que muitas pessoas se sintam gratas por nunca terem ido à igreja. Não sabem o que estão perdendo.