Os professores da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro decidiram suspender a greve e voltar às salas dia 27 de julho, depois de quase cinco meses paralisados.Segundo o indicato dos Profissionais de Ensino do Estado do Rio de Janeiro (SepeRJ), é possível recuperar os dias letivos sem que haja prejuízo aos alunos e sem estender o período escolar para além do fim de 2016.
“A gente acredita que tem como recuperar [o ano letivo] e inclusive temos propostas de reposição dos dias de greve. Vamos sentar com o secretário de Educação [Wagner Victer] para afinar a proposta. Vamos debater para que não haja nenhum prejuízo ao ano letivo do aluno.”
Em postagem de 27/08/2012, compartilhei o artigo “Hora de peitar os Sindicatos”, do especialista em Economia da educação Gustavo Ioschpe que detalha pesquisas sobre o papel do sindicato dos professores. Ele demonstra que um estudo de um economista de Harvard tentando entender o porquê da queda da qualidade das pessoas que optaram pela carreira de professor nos EUA entre 1961 e 1997 encontrou dois fatores: um deles, que explica três quartos do problema, era a crescente sindicalização dos professores, causando compressão salarial (o outro fator era a emancipação feminina, já discutida aqui em artigo anterior). Quando um sindicato se “adona” de uma categoria, a tendência é que os salários de seus membros deixem de ser um reflexo de seu mérito individual e passem a ser resultado de seu pertencimento a alguma categoria que possa ser facilmente agregável e discernível — como ter “x” anos de experiência ou ter feito uma pós-graduação, por exemplo —, pois só assim é possível estabelecer negociações salariais coletivas, para milhares de membros. E só com negociações coletivas é que se torna possível a um sindicato controlá-las. Talvez seja por isso que os aumentos salariais tenham se provado ferramenta tão ineficaz na melhoria da qualidade da educação: as pessoas mais competentes parecem não fugir do magistério pelo fato de o salário ser alto ou baixo, mas sim por seu salário não ter nenhuma relação com seu desempenho. Nenhum ás quer trabalhar em lugar em que recebe o mesmo que os vagabundos e incompetentes. Talvez seja por isso que outro estudo mostrou, paradoxalmente, que a filiação a um sindicato afeta de forma significativamente negativa a satisfação dos professores com a sua profissão. É o preço a pagar pelo aumento salarial.
Pesquisas do Inep (órgão ligado ao MEC responsável por pesquisas educacionais) com professores mostram que nove em cada dez docentes concordam com a afirmação de que ‘o professor deve desenvolver a consciência social e política das novas gerações’. Menos da metade, no entanto, acredita que ‘o professor deve evitar toda forma de militância e compromisso ideológico em sala de aula’. Essa percepção, além de alterar o conteúdo a ser ensinado, afeta a forma como ele chega aos alunos: por isso, trabalhos em grupo passaram a se sobrepor a exercícios individuais, notas e provas passaram a ser vistas com maus olhos e recompensar o mérito acadêmico é equivalente a premiar uma competitividade nefasta.
No Brasil, é fato conhecido por todos que os aprovados em instituições públicas vêm de grupos econômicos mais favorecidos e a maioria esmagadora dos alunos mais pobres acaba em faculdades privadas de baixa qualidade. A cobrança não prejudicaria o sistema de ensino e traria subsídios para financiar os estudos de quem precisa.
Cerca de 73 mil bolsas do CsF foram concedidas para graduandos desde o início do programa, em 2011. No total, foram mais de 100 mil bolsas para graduação e pós em universidades de 54 países. De acordo com o ministro da Educação, Mendonça Filho, cada aluno custou aos cofres públicos cerca de R$ 105 mil por ano. Considerando somente dados fornecidos pela Capes — o programa conta também com bolsas financiadas pelo CNPq —, foram investidos cerca de R$ 8,4 bilhões de 2011 até agora.
Para o sociólogo Simon Schwartzman, o programa como vinha sendo feito não justificava o custo. Ele afirma que o importante é que o governo mantenha o incentivo no âmbito da pós-graduação tanto internamente, quanto no exterior:
— O programa foi mal concebido, o ministério teve que tirar dinheiro de outras áreas, de pesquisas de pós-graduação para financiá-lo. Do ponto de vista da política educacional não é satisfatório. Para os alunos de graduação, as bolsas do CSF têm a duração de seis meses a, no máximo, um ano e requerem que o aluno já esteja matriculado em um curso superior no país e tenha participado ou participe de um programa de iniciação científica ou semelhante. A dificuldade aqui é a diferença de natureza e concepção entre os programas de graduação no Brasil, orientados para a formação profissional e os programas undergraduate nos Estados Unidos, na Inglaterra e demais países europeus.