Historicamente, a mobilidade acontecia internamente, em âmbito nacional, do campo para a cidade ou entre cidades. Atualmente, tem se intensificado essa mobilidade entre países, não só por razões habituais como pobreza, desastres naturais ou conflitos bélicos. Cada vez mais, os indivíduos trasladam por motivos profissionais, em busca de melhor formação ou, então, por estarem atraídos pelas oportunidades e qualidade de vida de determinados lugares.
Dos cerca de 1 bilhão de migrantes em todo o mundo, aproximadamente metade reside em cidades e seu papel é largamente ignorado no debate global acerca de urbanização e desenvolvimento.
O total de refugiados no final de 2015 atingiu 65,3 milhões, ou uma em cada 113 pessoas do planeta Terra, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O número representa um aumento de 5,8 milhões em relação ao ano anterior.
O relatório oferece três razões principais para o aumento da taxa de deslocamentos forçados: situações de longo prazo, tais como o conflito no Afeganistão; situações novas e crescentes, tais como os conflitos na Síria e Sudão do Sul; e “o ritmo lento para implantar soluções para os refugiados e deslocados internos”.
Este ano, a ACNUR está colhendo assinaturas para uma petição que será entregue na sede da ONU em Nova York, durante a Assembleia Geral em setembro, pedindo aos governos para garantir que cada criança refugiada receba educação, que cada família de refugiados tenha “algum lugar seguro para viver”, e para garantir que “todos os refugiados possam trabalhar ou aprender novas habilidades para fazer uma contribuição positiva em sua nova comunidade”.
Europa é um continente rico, envelhecido, cuja população está estagnada. Pelo contrário, as populações de África, do Médio Oriente e do Sul da Ásia são mais jovens, mais pobres e estão em rápido crescimento. No auge da era imperial, em 1900, os países europeus representavam cerca de 25% da população mundial.
Hoje, os cerca de 500 milhões de pessoas da União Europeia representam aproximadamente 7% da população do mundo. Por outro lado, há agora mais de mil milhões de pessoas em África e, segundo as Nações Unidas, haverá quase 2,5 mil milhões em 2050.
A população do Egito duplicou desde 1975, atingindo hoje mais de 80 milhões. A população da Nigéria era de 50 milhões de pessoas em 1960. É agora de mais de 180 milhões e é provável que ultrapasse os 400 milhões em 2050.
A migração de africanos, árabes e asiáticos para a Europa representa o reverter de uma tendência histórica. Na época colonial, a Europa praticou uma espécie de imperialismo demográfico, com os europeus brancos a emigrar para os quatro cantos do mundo. Na América do Norte e na Australásia, as populações indígenas foram submetidas e, frequentemente, mortas – e todos os continentes foram transformados em ramificações da Europa. Os países europeus estabeleceram também colónias por todo o mundo e povoaram-nas com imigrantes, enquanto ao mesmo tempo vários milhões migraram à força de África para o Novo Mundo como escravos.
Agora, as cadeias seguem noutra direção: da Síria para a Alemanha, de Marrocos para a Holanda, do Paquistão para o Reino Unido. Mas hoje não se trata de uma carta para casa seguida de uma longa viagem por mar. Na era do Facebook e dos telemóveis, a Europa parece perto mesmo que se esteja em Carachi ou em Lagos.