Um famoso economista doutrinou que se uma nação dependesse dos lucros oriundos de cassinos e bingos para fechar suas contas, ela estaria sem futuro. Penso que não queremos queimar o futuro do Brasil. Seria a saída certa para o dinheiro errado.
Um país sério precisa gerar riquezas. O Brasil precisa reagir à depressão econômica que o governo atual nos lançou. Depois da Operação Lava Jato, o ambiente de negócios mudará. Porém, a solução dos problemas não virá pelas mesmas mentes que as criaram.
Em 1933, Getúlio Vargas legalizou o jogo associado ao espetáculo de arte. A partir desse primeiro lance, os cassinos deram as cartas e impulsionaram a indústria do turismo e a economia, empregando milhares de pessoas. E boa parte dos ases dos baralhos passou pelas mãos do mineiro Joaquim Rolla (1899-1972), que formou um império da jogatina a partir de sua primeira casa, o Cassino da Urca, inaugurado em 1933 no Hotel Balneário.
As roletas giraram sem parar no Cassino da Urca, no Cassino Atlântico, no Copacabana Palace, no Quitandinha (Petrópolis) e no Icaraí (Niterói), além de outros em quase todos os estados do país, como a mineira Poços de Caldas, com seus 20 grandes cassinos, que lhe valeram o apelido de “Las Vegas brasileira”. O jogo também era atração turística em todas as estâncias hidrominerais no Sul de Minas Gerais.
Os jogos de azar clandestinos movimentam 25% mais do que as loterias e apostas legalizadas. Estimativa elaborada pelo Instituto Jogo Legal (IJL) com base em estatísticas de segurança pública e junto a operadores aponta que, em 2015, a jogatina ilegal arrecadou R$ 18,9 bilhões. No mesmo período, os jogos oficiais – loterias e apostas em hipódromos – somaram R$ 14 bilhões.
“De cada R$ 3 apostados no Brasil, R$ 2 vão para o jogo tolerado [ilegal]. Se o país aplicasse a tributação internacional, 30% desse dinheiro voltariam em forma de impostos”, disse o presidente do IJL, Magno José.
Os parlamentares contrários à liberação apontam mazelas comumente associados à jogatina para justificar a restrição para com as apostas. “Essas casas funcionam como empresas fantasmas para a lavagem de dinheiro e fomentam o crime organizado, o tráfico e a prostituição infantil”, opinou o deputado João Arruda (PMDB).
“Lá atrás, a experiência com o Brasil teve com os jogos de azar não foram nada boas. Em todos os lugares em que o jogo é liberado, surgem ao redor movimentos mafiosos. Termina em prostituição infantil, pornografia infantil”, disse o senador Cristovam Buarque (PDT).
Quase regulamentados
Projeto de lei que prevê a regulamentação dos jogos de azar já foi aprovado pelo Senado e, agora, precisa passar pela Câmara. Veja os detalhes
Bingos
- Municípios poderão ter uma casa de bingos para cada grupo de 250 mil habitantes (1), credenciadas por tempo indeterminado
- Casas poderão explorar jogos de bingo em cartelas impressas ou virtuais
- Estabelecimentos deverão ter pelo menos um salão com capacidade mínima para 250 pessoas. Poderão ter, no máximo, 500 máquinas de vídeo-bingo
Cassinos
- Serão credenciados, no máximo, 35 cassinos em todo o país. Cada estado poderá ter até três. Credenciamento será válido por 30 anos, renováveis
- Casas poderão explorar jogos de cartas, como blackjack e baccarat, jogos eletrônicos e roleta, entre outros
- Deverão funcionar em complexos integrados de lazer, que incluam hotéis de alto padrão, salas de eventos sociais e artísticos de grande porte, restaurantes e centros de compras
Jogo do Bicho
- Casas poderão explorar o jogo do bicho no limite territorial do município, por tempo indeterminado.

1 • Municípios com menos de 250 mil habitantes poderão ter, no máximo, uma casa. 2 • 20%, em caso de bingos eletrônicos. 3 • loterias estaduais e federais e apostas em hipódromos.
Republicou isso em Blog Paracletoe comentado:
A velocidade com que os projetos de legalização dos Jogos de Azar caminham no Congresso às vésperas das primeiras eleições sem financiamento empresarial das últimas duas décadas, dissemina a suspeita daquilo que Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, chama de ‘caixa 3’.
Em resposta ao potencial de arrecadação de R$ 15 bilhões calculado pelos defensores do projeto, dois pesquisadores da FGV (Carlos Ragazzo e Gustavo Ribeiro)demonstram, com base em pesquisas
realizadas em países com jogo legalizado, que a arrecadação pretendida não compensaria os gastos extras com tratamento de viciados, prevenção e combate a crimes correlatos.