Uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com moradores de diversos países traz algumas pistas sobre o que as pessoas mais valorizam na vida. A “Iniciativa Vida Melhor” vem colhendo informações desde 2011 e, até o momento, já recebeu mais de 60 mil respostas, online, de mais de 180 países.

O OCDE desenvolveu infográficos que mostram as prioridades em quase todos os países ao redor do mundo, com base nessas pesquisas. Estabeleceram ainda um “Índice Vida Melhor”, com 11 tópicos, que permite comparações entre os países. Os temas estabelecidos foram: segurança, habitação, trabalho, renda, equilíbrio trabalho-vida, satisfação com a vida, saúde, educação, engajamento cívico, comunidade e ambiente.

Na Europa, Reino Unido, Suécia, Alemanha, Finlândia e Polônia a escolha “satisfação com a vida” apareceu como prioridade para a sua população. E “saúde” foi o assunto mais valorizado mais na Rússia, Noruega, Islândia, França e Áustria. Chipre foi o único país da Europa onde as pessoas selecionaram “equilíbrio trabalho-vida” como a prioridade, enquanto a população da Ucrânia e da Albânia valorizam mais a categoria “renda”.

Na América do Norte houve clara diferença entre os valores dos Estados Unidos, Canadá e México, cujas principais prioridades foram satisfação com a vida, saúde e ambiente, respectivamente.

Já na América do Sul, incluindo Brasil, Chile, Paraguai e Argentina, a maior preocupação é com questões relativas à educação. Peru preferiu satisfação com a vida, a Venezuela, segurança, e a Guiana, habitação.

Nos dados sobre o Brasil, segundo 1.605 pessoas, sendo 67% homens e 33% mulheres, o item mais valorizado para se ter uma vida melhor foi a escolaridade. Saúde ficou na segunda posição, à frente de satisfação pessoal, segurança e equilíbrio vida-trabalho, nessa ordem. Engajamento físico ficou na última posição. Dos que participaram da pesquisa, 39% tinham entre 25 a 34 anos.

Ainda de acordo com a pesquisa, de uma maneira geral, os brasileiros estão mais satisfeitos com suas vidas do que a média da OCDE, sendo que 80% das pessoas declaram ter mais experiências positivas em um dia normal (sentimentos de sossego, orgulho das realizações, proveito, etc.) do que negativas (dor, preocupação, tristeza, chateação, etc.). Este número é superior à média da OCDE.

Ao redor do mundo, o Gallup International pergunta às pessoas sobre sua satisfação com a vida. “Imagine uma escada com degraus numerados de zero, na parte inferior, até 10, no topo. O topo da escada representa a melhor vida possível para você, e a parte inferior representa a pior vida possível para você. Em que degrau você diria que está?” Os países variam muito, e sistematicamente, em suas notas médias. Usando essas notas, é possível determinar, estatisticamente, os motivos de satisfação com a vida ao redor do mundo.

Sim, renda é importante. O desenvolvimento econômico é importante, especialmente para sair da pobreza extrema. A saúde também importa, tanto física quanto mental. Sem surpresas até aqui. Mas nossas vidas de “animais sociais” talvez sejam o mais importante de tudo, para usar a famosa frase de Aristóteles. A satisfação na vida depende de fortes redes de apoio social, de generosidade e de voluntarismo, de “confiança generalizada” entre estranhos na sociedade, e de confiança no governo. As pessoas que vivem em países governados por corruptos sofrem com menos satisfação em suas vidas.

O argumento básico de que bem-estar não depende só de riqueza, mas também da qualidade das nossas relações humanas, é ao mesmo tempo óbvio (quem poderia negar?) e ausente da política e do nosso discurso diário. Não vemos manchetes declarando “a confiança está em queda nos Estados Unidos” (ela está caindo), mas temos infinitas notícias sobre a “desaceleração do PIB”.

Nossa sociedade cada vez mais dá valor às pessoas e a seus comportamentos de acordo com sua riqueza, não sua integridade. Muito de nossos principais CEOs presidem companhias que cometeram enormes crimes fiscais – fraude, manipulação de preços, negócios escusos na Bolsa e mais – e que pagaram dezenas de bilhões de dólares em multas; ainda assim esses CEOs são reverenciados por serem ricos e continuam sendo convidados a frequentar a Casa Branca justamente por essa razão. Dá para entender por que a confiança está em baixa nos Estados Unidos. A sociedade está mais desigual, e nossas principais empresas parecem driblar as regras como se não houvesse amanhã, sem falar em violar as leis.

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Panama, Costa Rica, and Puerto Rico are full of people who feel pretty good about life.

The 2014 Gallup-Healthways Well-Being ranking is based on a global survey of about 146,000 people. Respondents are asked about different aspects of how they feel about their lives. Gallup and Healthways combine those into five major dimensions:

  • Purpose: Feeling good about what you do and that you can achieve your goals
  • Social: Having strong relationships with others
  • Financial: Having low economic stress and high economic security
  • Community: Liking where you live
  • Physical: Having good health

The main ranking is based on the percentage of people in a country who are “thriving” in at least three of those five categories. The Americas were the most overall thriving region in the world in 2014, while China and sub-Saharan Africa did worse in the ranking:

gallup healthways world well being map taiwan fixed

Here are the 25 countries that scored the highest in the overall ranking:

best countries gallup healthways

 

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