Os níveis de engajamento de funcionários em empresas do mundo todo nunca foram tão baixos. E a chave para entender essa falta de interesse pode estar no ambiente corporativo. É o que mostra a mais recente pesquisa realizada pela Steelcase, líder mundial em mobiliário corporativo. Uma das possíveis causas no caso brasileiro é a falta de uma lei que regulamente as atividades-fim para evitar terceirizações. A atuação política de Estatais e Orgãos públicos influencia suas ações e diretrizes.
A pesquisa, encomendada pela Steelcase ao Instituto Ipsos, ouviu 10 mil funcionários de empresas em 14 países e concluiu que a principal queixa dos entrevistados está na falta de privacidade no ambiente corporativo — ou, em outras palavras, na ausência de locais mais reservados para trabalhar e se concentrar.
De acordo com o estudo, apenas 31% dos entrevistados se dizem satisfeitos com o ambiente de trabalho. Os demais 69% — pouco mais de dois terços do total — estão descontentes com a organização do local. Poder desenvolver as tarefas em equipe em um ambiente sem interrupções e a possibilidade de escolher o melhor local para desenvolver cada projeto são as reivindicações mais frequentes.
“Atualmente, em muitos ambientes corporativos os colaboradores têm dificuldade em encontrar a privacidade que necessitam para se concentrar, refletir e oxigenar as ideias. Essas atividades são importantes na busca por inovação e bem estar no trabalho, e têm reflexo direto no nível de engajamento desses profissionais“, diz Izabel Barros, líder do time de consultoria e pesquisa aplicada ARC (Applied Research & Consulting) da Steelcase na América Latina
Colaboração e privacidade
Para a maior parte dos entrevistados, o conceito de privacidade está relacionado à possibilidade de trabalhar sem distrações – nem que seja apenas para recarregar as baterias. Não por acaso, a privacidade foi tida como “importante“ ou “muito importante“ para 95% deles. Entretanto, apenas 41% declarou poder trabalhar nessas condições, o que contribuiu para o alto índice de insatisfação com o ambiente.
Muitos dos atuais locais de trabalho foram projetados como escritórios abertos para estimular a colaboração. Esse tipo de formatação é altamente eficiente, mas o desequilíbrio entre interação e privacidade em muitos escritórios atingiu um ponto crítico, prejudicando a criatividade, a produtividade e o comprometimento de profissionais. A pesquisa da Steelcase identificou que as pessoas precisam não só de espaços que promovam a interação e socialização, mas também de locais para se concentrar e revigorar com o objetivo de criar as melhores ideias.
“Nos últimos anos, temos visto as preferências de modelo de escritórios se deslocarem de ambientes fechados para os mais abertos. No entanto, em algumas empresas, essa ideia foi longe demais”, afirma Chris Congdon, diretor de pesquisa e comunicação da Steelcase. “Muitas pessoas não percebem que a colaboração eficaz requer um momento de individualidade”.
Privacidade x isolamento
Ao mesmo tempo em que prezam pela privacidade, os funcionários não desejam voltar ao tempo em que ficavam isolados, fechados em salas individuais, sem qualquer tipo de interação com os colegas ou com o ambiente. A solução, segundo especialistas da Steelcase, está na criação de um sistema com diferentes espaços abertos, blindados ou fechados, onde os funcionários podem escolher o nível de privacidade que necessitam. Em outras palavras, é preciso criar um ambiente que permita que os profissionais controlem os níveis de interação e privacidade para cada tarefa.
“A colaboração é essencial para a inovação e a necessidade de se estar com colegas é tão convincente quanto a necessidade de privacidade”, explica Chris Congdon. “A chave é obter um equilíbrio e fornecer opções de uma configuração de trabalho baseada nas necessidades individuais”.
No Brasil
A Catho fez levantamento sobre satisfação com a vida profissional e descobriu que 43,7% dos respondentes disseram que se consideram felizes com a carreira e 56,3% afirmaram não estar satisfeitos com o emprego atual. A pesquisa “Satisfação na Carreira” foi feita entre no fim de abril de 2014 e contou com 175 respondentes de todo o país. 64% dos profissionais são mulheres, 31% têm entre 26 e 30 anos e 68% são da região Sudeste.