Peça ao Senhor a chuva de primavera, pois, é o Senhor quem faz o trovão, quem manda a chuva e lhes dá as plantas do campo.
Porque os ídolos falam mentiras, os adivinhadores têm falsas visões, e contam sonhos enganadores; o consolo que trazem é vão. Por isso o povo vagueia como ovelhas, aflitas pela falta de um pastor. Zacarias 10:1-2
A profecia de Zacarias traz um princípio importante que se relaciona com as leis naturais que Deus estabeleceu no Universo. Devemos pedir chuvas abundantes para encher os mananciais no tempo da chuva. Muitos falsos profetas prometem mudanças climáticas em função de eventos e por contratos de duvidosa consultoria. Precisamos ter sabedoria para cuidar das nascentes dos rios, regular sua crescente utilização e tratar com responsabilidade o esgoto das cidades. A crise da água que muitos países enfrentam tem a ver com a falta de cuidado com a gestão hídrica há muitos anos.
Foi enganosa a propaganda que as usinas hidrelétricas aproveitam um recurso inesgotável. O governo federal tem aumentado a geração de energia elétrica a partir das usinas termelétricas que queimam óleo combustível. As termelétricas têm participação considerável na matriz energética brasileira, representando 25% da geração.
O Brasil consome 83% de sua água na produção agrícola e pecuária. Entre 2006 e 2010, houve um incremento de 29% na retirada de água dos mananciais e este aumento ocorreu principalmente para irrigação, que passou de 47% para 54% do total. O consumo de uso humano, urbano e rural, não passa de 10% do total. O Atlas do Saneamento 2011, do IBGE, mostra que as empresas de saneamento perdem entre 37% e 42% da água no caminho entre os reservatórios e o consumidor. Para piorar, a distribuição é desigual: um quarto dos municípios brasileiros sofre com racionamento de água.
São Paulo já passou por momentos climáticos extremos antes. Em 2004, o nível do reservatório do Sistema Cantareira ficou abaixo dos 30%. A Sabesp iniciou então um racionamento de água por rodízio de bairros. Fez obras para acessar o que era, até aquele momento, uma reserva de emergência. Trata-se da água que fica abaixo do ponto de captação nos reservatórios, conhecido pelo termo “volume morto”. Nos anos seguintes, por sorte, os reservatórios voltaram a encher.
Em 2011, experimentamos o extremo oposto. Fortes chuvas atingiram a região. As comportas dos reservatórios precisaram ser abertas para liberar o excesso de água. “Havia um nível superior a 100% no sistema, algo nunca antes registrado”, diz Francisco Lahóz, secretário executivo do consórcio PCJ (Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí).
LIÇÃO: não podemos mais desperdiçar chuvas como em 2011. As represas devem ser capazes de armazenar mais água nos anos de abundância. Os sistemas devem prever alternâncias mais extremas de chuvas e secas. Construtoras, fábricas e grandes edifícios têm de adotar coleta da água da chuva.
A Agência Nacional de Águas (ANA) lançou o Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH), que prevê definir as principais intervenções estruturantes e estratégicas de água no País, entre elas construções de barragens, sistemas adutores, canais e eixos de integração dos atuais sistemas de captação e distribuição do recurso. O plano também estuda como reduzir os riscos associados a eventos críticos — secas e cheias.