Todos os dias, 20 mil adolescentes com menos de 18 anos dão à luz em países em desenvolvimento. No Brasil, em 2010, 12% das adolescentes de 15 a 19 anos possuíam pelo menos um filho. Em 2000 cerca de 750 mil jovens foram mães no país, em 2012 o número caiu para 536 mil. Quantidade ainda preocupante, principalmente nas favelas, onde a incidência desses casos é maior.

A partir dos dados apresentados, pode-se concluir que a gravidez na adolescência é um grave problema enfrentado pelo país nos últimos anos, pois apesar do número de partos de adolescentes no Brasil ser descrescente desde 2000, o percentual de gravídas jovens ainda é alto. Entretanto há uma necessidade de maiores instruções aos jovens sobre educação sexual, já que fatores como falta de informação, irresponsabilidade e o descaso com contraceptivos são as maiores causas da gravidez durante a adolescência. Além desses fatores, outro motivo que a instrução de jovens possa permitir é a diminuição do percentual de grávidas com menos de 20 anos. Como é mostrado no decréscimo de tais números no Rio Grande do Sul desde 2000, onde o nível da educação é um dos melhores do Brasil.

Citando um estudo feito em 2011 para o Banco Mundial pelos pesquisadores Jad Chaaban e Wendy Cunningham, o UNFPA tenta estimar quanta riqueza países como Quênia, Índia e Brasil deixam de acrescentar às suas economias, dado que as meninas que ficaram grávidas poderiam estar trabalhando e gerando renda.

“O Brasil teria maior produtividade – de mais de US$ 3,5 bilhões – caso meninas adolescentes retardassem sua gravidez até os 20 e poucos anos”, diz o documento. A cada ano, 7,3 milhões de meninas com menos de 18 anos têm filhos em países em desenvolvimento. Destas, 2 milhões têm menos de 14 anos. O texto enfatiza os problemas que isso causa na vida das jovens, com consequências na sua saúde, educação e direitos humanos.

“Em geral, a sociedade culpa as meninas por engravidarem”, diz o diretor-executivo da UNFPA, Babatunde Osotimehin. “A realidade é que a gravidez adolescente costuma ser não o resultado de uma escolha deliberada, mas sim a ausência de escolhas, bem como circunstâncias que estão fora do controle da menina. É consequência de pouco ou nenhum acesso a escola, emprego, informação e saúde.”

O relatório também fala que as economias nacionais sofrem com as consequências da gravidez considerada precoce. No caso da Índia, esse “ganho” seria de até US$ 7,7 bilhões. No Quênia, a receita “não gerada” é equivalente a todos os ganhos da indústria da construção civil. E, em Uganda, equivale a um terço do PIB do país.

O relatório também afirma que muitas meninas ficam grávidas quando estão no ensino secundário, e acabam abandonando a escola. Isso faz com que o investimento feito pelos países na sua educação primária acabe sendo desperdiçado, já que elas não dão sequência aos seus estudos. O estudo do Banco Mundial ressalta que, além dos custos econômicos, há também problemas sociais: filhos de mães precoces costumam ter desempenho escolar mais baixo. O relatório faz ainda algumas considerações sobre os programas de natalidade do Brasil.

“O Brasil é um dos países que avançou para aumentar o acesso a meninas grávidas a tratamentos pré-natal, natal e pós-natal”, diz o UNFPA, citando o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba) como um “centro de referência para gravidez de alto risco na Bahia”. O Iperba tem tratamento especializado para mães adolescentes, que representam 23% do total de suas pacientes.

De acordo com pesquisas especializadas na maioria dos países da região, uma em cada cinco mulheres tem seu primeiro filho antes de completar os 18 anos. Uma proporção alta de gestações não são desejadas, e muitas se originam em situações de abuso infantil (meninos, meninas e adolescentes), ou de falta de responsabilidade dos pais frente ao cônjuge e paternidade ou maternidade.

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