Para os habitantes de um país, o único benefício trazido pelas exportações é justamente as importações; a única função de se exportar é que, com isso, pode-se importar. Os países da América latina sempre tiveram políticas de altas taxas de importação para proteger suas indústrias, situadas distante da Europa e EUA, ao contrário dos países da Ásia que passaram a ter indústrias após as Grandes Guerras.
Na década de 1980, no auge da crise da dívida externa, o governo praticamente baniu as importações e estimulou ao máximo as exportações justamente para acumular dólares e com isso poder pagar os juros dessa dívida. Quando a coisa apertava e os dólares escasseavam, os ministros iam à TV em rede nacional anunciar uma moratória.
Já no início do Plano Real, as importações foram mais flexibilizadas, pois eram utilizadas para controlar a inflação de preços. E como a saída de dólares via importações acabou sendo muita, a balança comercial tornou-se deficitária logo em 1995 (a última vez que isso havia ocorrido tinha sido em 1980). Isso obrigou o governo a elevar os juros para atrair dólares especulativos, de modo a garantir essa oferta de dólares para as importações. Ou seja: os dólares passaram a sair via balança comercial e passaram a entrar via investimentos em títulos do governo, no mercado financeiro e em investimentos diretos. (Em terminologia contábil, diz-se que esses dólares estão entrando na conta capital e financeira).
Com a adoção do câmbio flutuante, em 1999, o déficit na balança comercial começou a se reduzir, de modo que, desde 2001, o Brasil vem apresentando seguidos superávits comerciais. Da mesma forma, os dólares que entram na conta capital e financeira seguiram aumentando. Essa dupla combinação de entrada de dólares — tanto via balança comercial quanto na conta capital e financeira — ajudou a aumentar sobremaneira as reservas internacionais do país (dólares que o Banco Central compra), que atualmente estão em US$ 353 bilhões. É o alto valor dessas reservas que faz com que um país passe sem grandes sobressaltos por crises internacionais. E isso é fácil de entender.
Por exemplo, durante 1997-2002, o real por dólar dos EUA experimentou depreciação real, declinando 1,164-2,633. O saldo da balança comercial passou de um déficit de 20,658 milhões para um superávit de 22,369 milhões de pessoas, e a proporção de exportações e importações subiu de 75,61% para 112,03%.
Durante 2002-2007, o real por dólar dos EUA experimentou valorização do real e mudou 2,633-1,430. No entanto, o saldo comercial continuou a aumentar de 22,369 milhões para 39,112 milhões, ea relação entre exportações e importações mudaram pouco de 112,03% para 112,38%.
Será que teremos um cenário de real depreciado e déficit comercial contínuo? O que poderia alimentar uma revolução interna. Afinal, Platão afirmou que a pobreza conduz à revolução e Aristóteles percebeu que a revolução é precedida por um rápido, não sustentável, crescimento econômico.
_____________________________________________________________________
For the inhabitants of a country, the only benefit brought by exports is just imports, the only function of exporting is that it can be imported. The Latin American countries have always had policies of high import duties to protect their industries, located away from Europe and the U.S., unlike the Asian countries that now have industries after the World Wars.
In the 1980s, at the height of the debt crisis, the government essentially banned imports and exports stimulated to the max just to accumulate dollars and thereby be able to pay the interest on that debt. When things tightened and scarce dollars, the ministers went on national television to announce a moratorium.
For example, during 1997-2002, the Brazilian real per U.S. dollar experienced real depreciation, declining from 1.164 to 2.633. The trade balance improved from a deficit of 20,658 millions to a surplus of 22,369 millions, and the ratio of exports to imports rose from 75.61% to 112.03%.
During 2002-2007, the Brazilian real per U.S. dollar experienced real appreciation and changed from 2.633 to 1.430. However, the trade balance continued to increase from 22,369 millions to 39,112 millions, and the ratio of exports to imports changed little from 112.03% to 112.38%.
Will we have a scenario of real depreciated and continuous trade deficit? What could feed an internal revolution. After all, Plato said that poverty leads to revolution and Aristotle realized that the revolution is preceded by a rapid, non-sustainable, economic growth.
Republicou isso em Blog Paracletoe comentado:
Uma economia do tamanho do Brasil podemos pensar em ciclos de crescimento e austeridade. Ocorre que, por causa do tamanho do Estado desde os tempos de Colônia, optamos por uma política paternalista de empresas. A burocracia facilita a corrupção que drena nossas riquezas.
Vivemos um ciclo de austeridade pois estamos no fim do trabalhismo e suas propostas estão esgotadas. Para recuperarmos um ciclo de crescimento, precisamos de reformas no ambiente de negócios e no tamanho do Estado.