Sete em cada dez estudantes brasileiros entre 13 e 15 anos já experimentaram bebidas alcoólicas e três tiveram relação sexual. É o que mostra a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento anual reuniu dados sobre hábitos e comportamento de 100 mil adolescentes, em 2.842 escolas públicas e privadas.

Para garantir que os dados refletissem a realidade, cada jovem respondeu diretamente a um questionário eletrônico, preservando o anonimato. Mesmo sendo menores de idade, um quinto dos estudantes admitiu ter dirigido veículos, como carros e motos. Outros 23% disseram ter pegado carona com motoristas embriagados.

A exposição aos riscos também está presente na vida sexual. Quase 30% dos jovens não usaram preservativos na última relação. Um quinto dos jovens praticou bullying contra colegas. Por outro lado, 33% contaram que foram agredidos, humilhados e hostilizados por outros estudantes. A pesquisa chama a atenção para o comportamento inconsequente das adolescentes.

Elas estão se embriagando e fumando mais do que os garotos. São as meninas também as que mais sofrem agressão por parte de parentes. As estudantes são as mais insatisfeitas com o próprio corpo. Três em cada dez querem perder peso — o dobro da proporção entre os meninos.

Apenas 56,8% dos estudantes gostam de sua aparência física. Outros 24,7% se acham muito magros. Os garotos usam remédios para ganhar massa muscular. A insatisfação com o corpo pode estar relacionada aos hábitos alimentares e ao sedentarismo. De acordo com a pesquisa, os adolescentes comem mal, praticam pouca atividade física e passam muito tempo em frente à TV. Quatro em cada dez adolescentes consomem guloseimas e refrigerantes cinco dias ou mais por semana e apenas três têm o hábito de comer frutas.

Um estudo do Ibope Inteligência feito para o governo do Estado de São Paulo mostrou que as mesclas e bebidas adocicadas atraem os jovens porque diluem o álcool com sabores da infância, como refrigerantes, sucos, frutas e açúcar. Em São Paulo, 45% dos menores de 18 anos já experimentaram bebida alcoólica e 26% deles fizeram isso entre 12 e 13 anos, enquanto 47% experimentaram na faixa etária entre 14 e 15 anos. Desses, 49% receberam a bebida de amigos e 21%, de familiares.

A psiquiatra Carla Bicca, tesoureira da diretoria da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), alerta para a negligência dos pais. “Muitos adolescentes bebem em casa, vão a uma festa e os pais deixam o filho usar. Os pais não acreditam que o álcool é uma droga”, observa.