Em 19/04/2012, postamos um estudo que revelou uma perda de 18% na produtividade para um empregado que fuma 10 cigarros por dia. Falamos também sobre o estresse que sobrecarrega gerentes de empresas, líderes de ONGs e pastores de igrejas que assumem muitas tarefas e tem dificuldades de delegar com eficácia.

“Um estudo realizado pela E- Pharma, empresa que faz gestão de planos de saúde, com mais de 500 000 profissionais e seus dependentes em 2011, aponta que os brasileiros consumiram mais remédios contra depressão e ansiedade do que medicamentos para o tratamento de doenças crônicas, como hipertensão, colesterol ou diabetes. Os motivos para recorrer aos medicamentos são velhos conhecidos: estresse, pressão por resultados e medo de falhar.” (Revista Você S/A).

Não se trata de combater o cansaço, o desânimo, a depressão etc., se trata de encontrar meios para superar obstáculos e se manter um sobrevivente no mundo corporativo. Quem não lembra dos filmes clássicos mostrando executivos terminando o dia com a cara enfiada em um copo de Whisky, tudo com muito glamour, é claro. A nicotina, consumida pelo uso de cigarros, também possui efeitos semelhantes com consequências danosas a longo prazo.

O mundo, no dia a dia, por si só já se encarrega de nos apresentar diversas situações depressivas e que causam ansiedade. Mas, no mundo corporativo a situação se acelera um pouco mais. É isto que precisa ser observado pois não se trata apenas de um executivo que, por ventura diante de uma crise, tem que ser afastado, é um indivíduo que está prestes a perder sua saúde mental, sem falar no impacto que isso causa no meio e nas pessoas que o cercam. O uso destas medicações no ambiente corporativo é simplesmente para tratar a competitividade.

De acordo com o Instituto IMS Heath, no ano passado os brasileiros consumiram 14 milhões de caixas de rivotril, ficando atrás apenas do anticoncepcional Microvlar. É o segundo medicamento mais vendido no país.

Beatriz M. *, 23 anos, começou a se automedicar quando entrou na faculdade de Engenharia dos Alimentos, há cinco anos. Na sua turma de amigas, não tem uma que não toma o “milagroso remedinho”. “Todo mundo na faculdade toma. É tipo fumar maconha, tomar cerveja. E ele ainda melhora o seu dia rapidinho”, explica Bia. O preço é outro fator essencial para o sucesso de vendas do remédio. É possível comprar uma caixinha com 30 comprimidos por apenas 9 reais.

O remédio, quando usado corretamente e com acompanhamento médico, tem sim propriedades importantes e que podem ajudar alguns tratamentos. “Ele pode ajudar muito no tratamento de ansiedade. Mas, para obter um resultado positivo, precisa de outros fatores – como terapia, exercício físico ou até antidepressivo. O ansiolítico serve como uma muleta, um apoio até todos os fatores juntos fazerem efeito”, explica a psiquiatra Annie Almond.

Um levantamento feito nos Estados Unidos concluiu que de 15 a 40% dos alunos de 15 escolas de alto padrão já usaram algum tipo de estimulante para ajudá-los nos estudos. O índice preocupante é que os jovens conseguiram os medicamentos de maneira ilegal. O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é reconhecido majoritariamente em crianças, principalmente por causa do desempenho escolar. A doença não é diagnosticada por meio de exames clínicos, e sim pela observação do comportamento das pessoas, o que faz com que parte da classe médica afirme que ela não exista de fato.

O medicamento mais procurado pelos alunos brasileiros é a ritalina. Ele age no sistema nervoso central estimulando a funções cognitivas de aprendizado.  Segundo o neurologista, Morato Leite, o remédio ajuda a melhorar o desempenho dos alunos no aprendizado, pois são drogas muito eficazes no tratamento desse transtorno. O remédio, no entanto, vem sendo cada vez mais usado por adultos em situações estressantes. Entre 2000 e 2009, o Brasil saltou para a segunda posição no ranking mundial de consumo da substância, atrás apenas dos Estdos Unidos. Nesse período, a venda de caixas subiu de 70 mil para dois milhões.

Medicamentos de tarja preta são vendidos apenas com receita especial, pois causa dependência. O uso sem orientação médica pode trazer consequências graves. Morato Leite explica: — Ansiedade absurda, insônia frequente, quadros psicóticos com ilusões e alucinações.

Para quem gosta de morrer mais cedo, o cigarro é arma de eficácia incomparável. Ele reduz de tal forma a duração da vida que nenhuma medida isolada de saúde pública tem tanto impacto na redução da mortalidade quanto parar de fumar.

Muitos gerentes se apegam ao fumo. O dr. Dráuzio Varella mostrou um levantamento completo sobre os índices de mortalidade em fumantes e ex-fumantes. Os dados foram colhidos entre 113.752 mulheres e 88.496 homens, de 25 a 79 anos de idade, acompanhados durante 7 anos. Em média, os fumantes consumiam mais álcool, tinham nível educacional mais baixo e índice de massa corpórea menor do que o dos ex-fumantes e daqueles que nunca fumaram.

Cerca de 2/3 dos que foram ou ainda são fumantes adquiriram a dependência antes dos 20 anos, dado que explica o esforço criminoso da publicidade dirigida para viciar crianças e adolescentes.

As curvas de mortalidade revelaram que:

1 – Continuar fumando encurta 11 anos na vida de uma mulher e 12 anos na vida do homem.

2 – Comparado com os que nunca fumaram, o risco de morte de um fumante é três vezes maior. Mulheres correm riscos iguais aos dos homens, confirmando o adágio
“mulher que fuma como homem, morre como homem”.

3 – Uma pessoa que nunca fumou tem duas vezes mais chance de chegar aos 80 anos. Na mulher de hoje, a probabilidade de sobreviver até essa idade é de 70%, número que cai para 38% nas fumantes. Nos homens esses valores são de 61% e 26%, respectivamente.

4 – A diferença de sobrevida é explicada pela incidência mais alta de câncer, doenças cardiovasculares, doenças pulmonares obstrutivo-crônicas (como o enfisema) e outras enfermidades provocadas pelo fumo. As causas de morte mais frequentes são câncer de pulmão, infarto do miocárdio e derrame cerebral.

5 – Na faixa de 25 a 79 anos de idade, cerca de 60% de todas as mortes são causadas pelo cigarro.

6 – O risco de desenvolver doenças pulmonares obstrutivo-crônicas nas mulheres que fumam é 22 vezes mais alto; nos homens é 25 vezes maior.