O Paraguai se tornou um polo de empresas “maquiladoras” na América do Sul com a adoção de um sistema que faz a aliança de imposto mínimo e mão de obra barata.
O Paraguai não virou polo econômico por acaso. Apostar no setor produtivo foi uma política de Estado do presidente Horacio Cartes, que assumiu em agosto de 2013. Desde então, ele retomou a chamada Lei da Maquila, criada em 1997 mas negligenciada por governos anteriores. A legislação garante o pagamento de apenas 1% de tributo às companhias que abrirem fábricas no Paraguai e exportarem 100% da produção. Nenhuma outra nação do continente oferece algo sequer parecido.
“O sistema tem atraído muitas empresas, mas no Brasil pegou mal o nome; ainda há muita confusão”, diz Wagner Enis Weber, diretor-presidente do Braspar (Centro Empresarial Brasil-Paraguai). “Mas as empresas brasileiras que trabalham com a maquila estão satisfeitas com a redução dos custos”, diz.
A eficiência da Lei da Maquila pode ser comprovada por números. As exportações das empresas que se enquadram nesse sistema cresceram de US$ 134,5 milhões em 2013 para US$ 369,5 milhões em 2017, segundo levantamento do Ministério da Indústria do Paraguai. Das chamadas empresas maquiladoras paraguaias, 69% têm origem brasileira, 17% são paraguaias e 8% argentinas. Significa, portanto, que os empresários brasileiros, entre todos os da América do Sul, são os mais dispostos a investir no Paraguai.
Segundo os especialistas, isso acontece por duas razões. A primeira delas: o Brasil é o principal país do continente e obviamente tem um número muito maior de empresas do que os vizinhos. A segunda razão: o ambiente de negócios brasileiro é pior do que o de outras nações, o que estimula os empreendedores a partir para projetos além das fronteiras nacionais. O interessante é que não são apenas empresas iniciantes ou dotados de pouca capital que investem no Paraguai. A Riachuelo, uma das principais varejistas do país, tem operações no Paraguai e a Vale opera uma empresa de logística fluvial.
O fenômeno ocorre nas bordas dos países que mantém Acordos multinacionais como Mercosul e Nafta.
Ciudad Juárez, uma cidade próxima da fronteira mexicana com o estado do Texas, possui 300 Fábricas, filiais de Companhias mexicanas, Asiáticas e Norte-americanas que esperam ganhar vantagem da mão de obra mexicana mais barata e as baixas tarifas resultantes do NAFTA (North American Free Trade Agreement).
Em 2017, as empresas deste regime especial, chamadas de “maquiladoras”, exportaram US$ 369,5 milhões, afirma a Folha de S. Paulo. O Brasil comprou US$ 1,13 bilhão de produtos do Paraguai em 2017. Os principais artigos comercializados foram: materiais elétricos (17%), arroz (14%), e carne bovina (9,8%). Já as exportações para o Paraguai somaram US$ 2,65 bilhões no mesmo período e os produtos mais vendidos foram: manufaturados (10%), adubos e fertilizantes (4,7%) e máquinas e aparelhos agrícolas (4,0%).
Das 124 indústrias incluídas no programa de maquilas, 78 abriram as portas desde 2014. Dos 11,3 mil empregos gerados pelo programa, 6,7 mil são fruto dos investimentos dos últimos três anos. E existem mais projetos de expansão que devem gerar milhares de vagas em 2017.