Comunhão e proclamação
Na pesquisa que realizamos em dezenas de igrejas na cidade do Rio de Janeiro, os próprios membros avaliaram as 5 dimensões da missão da igreja. A dimensão koinonia apresentou o menor valor em todas as congregações, independentemente do tamanho ou grupo religioso. Em 2009, já identificávamos que falta de reuniões em grupos pequenos poderiam melhorar essa dimensão, embora, os grandes grupos forneçam comunhão.
Ray Stedman destaca que a igreja primitiva confiava assim num testemunho duplo, como um meio de alcançar e imprimir sobre um mundo cínico e descrente o kerygma (proclamação) e a koinonia (comunhão). Foi a combinação desses dois elementos que tornou seu testemunho tão poderoso e eficiente. “Pelo depoimento de duas ou três testemunhas se estabeleça toda palavra.” Os pagãos poderiam desfazer facilmente a proclamação, como simplesmente mais uma “doutrina” entre muitas; mas eles viram que é muito mais difícil rejeitar a evidência da koinonia. O interesse dos cristãos um pelo outro e sua evidente consciência de estarem compartilhando a vida na mesma grande família de Deus como irmãos e irmãs deixavam o mundo pagão se lambendo de inveja. Foi isso que levou à observação muito citada de um escritor pagão: “Como se amam mutuamente esses cristãos!”
Família e comunhão
Tenho afirmado que as duas principais dimensões que seguram o crente numa igreja são a koinonia e a diakonia. Primeiro, o crente precisa de relacionamentos edificantes e verdadeiros. Eles serão base para o cuidado e desnvolvimento de sua família. Em segundo lugar, o crente necessitará ser útil e valorizado através de seu serviço. A igreja deve assessorar o crente para descobrir seu dom espiritual, sua vocação ministerial.
A questão unidade é um dos pontos chave para a obtenção de um crescimento integral. Sem unidade não pode haver crescimento, pois unidade esta ligado não somente a intimidade e comunhão, mas especialmente à convergência e busca de um propósito único. Sem unidade o alcance pleno do propósito ou alvo estabelecido pela igreja fica prejudicado, de forma que todo planejamento acaba vindo por terra.
A Igreja Primitiva, por exemplo, é um referencial de crescimento e desenvolvimento. Deus acrescentava dia após dia aqueles que seriam salvos. Todavia, boa parte deste crescimento devia-se ao alto grau de comprometimento, comunhão e amor entre os irmãos que a formavam. Devemos tê-la como um exemplo a ser seguindo ainda em nossos dias, unindo-nos mutuamente para pregar e propagar o amor e as boas novas de Cristo.
Stark defende a tese que as pessoas estão mais dispostas a adotar uma religião à medida que esta mantém uma continuidade cultural em relação à religião tradicional com a qual já estavam familiarizados. Ele conclui que os movimentos sociais recrutam primeiramente com base em vínculos interpessoais que existem ou se formam entre o convertido e os membros do grupo. Isso explicaria o elevado número de prosélitos judeus que migraram para o cristianismo. Isso pode explicar a migração contínua do catolicismo para as igrejas evangélicas, na América Latina, como foi o meu caso.
A família tem sido alvo de ataques frequentes, especialmente em modismos lançados por tele-novelas. O brasileiro é um povo contador de estórias. Aguinaldo Silva, autor da novela “Senhora do Destino” respondeu sobre seu critério para medir se determinada iria chocar seus 60 milhões de telespectadores: “Alguns pentecostais trabalham na minha casa e sei que todos eles assistem a novela. Eu me pergunto: ‘Como eles vão me olhar amanhã?’ Fiquei preocupado com a cena em que a Nazaré lavava privadas na delegacia. No dia seguinte, estava no escritório quando uma delas me cumprimentou com uma risadinha e foi embora. Logo pensei: ‘Ah, que bom, ela gostou’.