Na cultura ocidental temos, há muitos anos, a formiga como exemplo do trabalhador incansável. O fabulista francês La Fontaine expressou muito bem essa característica na história da Cigarra e da Formiga, que encantou gerações. Esses insetos sempre foram citados como exemplo de organização e de trabalho estoico. Agora, um estudo da Universidade Tucson, no Arizona (Estados Unidos), destrói o mito de um modelo metafórico do trabalhador ideal.
Os pesquisadores americanos construíram um formigueiro e instalaram câmeras para filmar as atividades delas durante 24 horas e analisar seus comportamentos. Das 225 formigas observadas, 34 eram babás, 26 faziam trabalhos externos, 62 eram generalistas e 103 não faziam absolutamente nada – só andavam de um lado para o outro. Ou seja, 46% das formigas não trabalhavam! Os cientistas não conseguiram uma justificativa para o ócio.
Para Tomer Czaczkes, da Universidade de Regensburg, na Alemanha, a resposta poderá estar na “arte” da guerra. “Estas formigas, aparentemente preguiçosas, também podem funcionar como uma força de combate que está na reserva, já que os raides, incluindo os que se destinam à captura de escravos, são algo bem comum entre estas formigas”, disse à New Scientist. Deste modo, quando a colónia é atacada cabe a elas mexerem-se para a defender.