Esta postagem completa uma abordagem anterior sobre a dimensão Martyria (testemunho) que tem a ver com a expressão e comunicação de nossa fé para que outras pessoas experimentem a decisão de seguir Jesus e, então viver a realidade da Salvação. Sem dúvida, nossa teologia da Salvação (Soteriologia) influencia como praticamos o evangelismo pessoal.
A vida e ministério de Jesus são a base da igreja que ele deixou para cumprir a grande missão. Assim como, a Bíblia relata os erros dos personagens bíblicos, pela História vemos que a igreja se desviou do foco principal em muitas ocasiões. Porém, o Espírito Santo move sua igreja para cuidar do seu legado: as vidas que estão se convertendo e precisam ser discipuladas.
Esse é o legado que a igreja pode contribuir para sua cidade. Discipular as vidas que estão se convertendo. Para isso, é necessário termos mais igrejas em crescimento ajustado nas dimensões da missão integral.
Ronaldo Lidório comenta que Jesus lança uma evidência puramente missiológica dizendo que “será pregado o Evangelho do Reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim”. A expressão grega para “e será pregado” tem como raiz kerygma, uma proclamação audível e inteligível do Evangelho paralelamente à martyria que evoca um sentido mais pessoal, de testemunho de vida. “Martyria” (testemunho) indica uma ação informal de vida enquanto kerygma”(proclamação) pressupõe uma pregação mais sistemática do Evangelho.
Karl Barth, em Church Dogmatics, defende o uso do verbo matheteuein em lugar de keryssein (pregar) que aparece nos textos de Mc 16:15 e Lc 24:47 ou euangelizesthai (pregar boas novas) que é usado em Mat. 11:5. No contexto, a ordem é dada com o propósito de fazer discípulos, não somente confrontar ou desafiar os ouvintes.
Batizando e ensinando de Mat. 28 expressam o modo como a missão de fazer discípulos se realiza. Ele lembra que as autoridades civis são diakonos para Deus e leitourgoi (ministros) seus representantes são conforme Rom. 13:3-6.
Ed Silvoso, um famoso evangelista argentino e autor de Que Nenhum Pereça[1], escreve sobre a relação da oração da igreja com os resultados evangelísticos:
“Por todo o livro de Atos vemos que a abertura dos olhos dos incrédulos acontecia em meio a um contexto de “milagres extraordinários” (Atos 19. li), o que, sem dúvida, teve a Intenção de satisfazer às necessidades sentidas das pessoas envolvidas. Infelizmente, hoje, quando oramos pelos perdidos, usualmente limitamo-nos a pedir a Deus, em particular, que eles venham à Jesus De fato, essa é a mais importante necessidade dos pecadores. Sem embargo precisamos ir além desse primeiro passo. Precisamos também discernir o que eles consideram ser importante, e orar para que essa necessidade também seja satisfeita por Deus. Essa era a abordagem de Jesus. Seu primeiro milagre, a transformação de água em vinho, até hoje é um dos prodígios mais difíceis de explicar (ver João 2. 1- li). Tem havido muitos debates teológicos gerados pelos argumentos se seria vinho verdadeiro ou não, se as pessoas poderiam embriagar-se com esse vinho, ou se o vinho não tinha qualquer teor alcoólico. Por que Jesus teria provido vinho para uma testa de casamento onde o vinho tinha-se acabado, ou por motivo de planejamento inadequado ou porque os convidados beberam demais, rapidamente demais? Dando uma resposta simples, porque o vinho era a necessidade sentida naquele momento, sobretudo pelo pai da nora, cuja reputação estava em jogo Naquele instante particular, o pai da noiva não estava preocupado com o céu ou com o inferno.”
Ed Silvoso conclui: “A expressão mais patente de um reavivamento é a conversão dos perdidos.”.
Recente pesquisa conduzida em 2014, pelo Pew Research Center[2] revelou que 84% dos adultos latino-americanos relatam que receberam formação católica, 15 pontos percentuais a mais do que os que atualmente identificam-se como católicos. O padrão é invertido entre os protestantes e as pessoas que não se identificam com nenhuma religião: enquanto a Igreja Católica tem perdido adeptos em decorrência da mudança de religião, as igrejas protestantes e a população não afiliada a nenhuma religião na região têm ganhado membros. Apenas um em cada dez latino-americanos (9%) recebeu formação em igrejas protestantes, mas cerca de um em cada cinco (19%) agora se descreve como protestante. E apesar de apenas 4% dos latino-americanos não terem recebido nenhuma formação religiosa, o dobro do número (8%) hoje é de não afiliados.
Grande parte do movimento de afastamento do catolicismo e na direção do protestantismo na América Latina tem ocorrido no espaço de uma vida. De fato, na maioria dos países pesquisados, pelo menos um terço dos protestantes atuais recebeu formação na Igreja Católica, sendo que metade deles ou mais dizem que foram batizados como católicos. Por exemplo, cerca de três quartos dos protestantes atuais na Colômbia receberam formação católica, sendo que 84% dizem que foram batizados como católicos.
Além disso, os esforços de evangelização por parte das igrejas protestantes parecem estar tendo um impacto: Em toda a América Latina, mais da metade desses adeptos que mudaram da Igreja Católica para o protestantismo dizem que sua nova igreja chegou até eles (mediana de 58%). E o levantamento constata que os protestantes na região têm bem mais probabilidade do que os católicos de relatar o compartilhamento de sua fé com pessoas fora do seu próprio grupo religioso.
[1] Que Nenhum Pereça – Silvoso, Ed – Editora UNILIT, 1995.
[2] PEW-RESEARCH-CENTER-Religion-in-Latin-America-Portuguese-Overview-for-publication-11-12-14.pdf