A palavra milestone vem da antiga prática de fincar pedras indicativas de localização ao lado das estradas. Elas eram o sistema GPS dos tempos antigos. Em 11/08/2014, compartilhamos o 1° estudo: As pedras de Israel, armas e paisagens.

A palavra hebraica para “pedra” (eben) significa basicamente uma pedra ou rocha, seja pequena ou grande, usada em seu estado natural. Porém, o que vai fazer a diferença, em seu uso, é seu emprego em contextos sagrados aonde acontece o rito do celebrante. O uso de pedras em contexto sacrificial é o mais antigo. Já percebemos isso desde os primórdios da história. Tanto em Gênesis 4 quanto em Gênesis 9 não é dito que algum altar de pedras foi construído. Mas a presença de um altar de pedras é derivada de seu contexto. Nos dois casos encontramos o oferecimento de animais em sacrifício a Javé.

Quando Jacó retornou de Harã, dirigiu-se para Siquém (Gênesis 33.18-20). Ali é dito que ele erigiu um altar. Parece que Jacó não fez sacrifícios ali. Era apenas para memória. Nas peregrinações patriarcais, o primeiro a fazer uma coluna de pedra foi Jacó (Gênesis 28). A coluna de pedras erguida por Jacó sobre o túmulo de Raquel (Gênesis 35.20) foi um memorial.

Na bênção pronunciada por Jacó sobre seus filhos antes de morrer, ele atribui a seu filho José a segurança de Javé em meio aos embates que ele haveria de experimentar (Gênesis 49.24). A rocha como representativo da estabilidade passava a simbolizar Deus como o lugar seguro para aqueles que nele confiassem. Javé como Rocha é visto em muitos salmos (cf. Salmos 18.2, 46; 19.14, 27.5; 28.1; 31.2-3; 40.2; 42.9; 61.2; 62.2, 6; 71.3; 78.35; etc.).

Em Josué, capítulo 4, as pedras retiradas do meio do Rio Jordão serviriam para recordação da passagem do povo pelo meio do Rio, como manifestação miraculosa da presença de Javé com seu povo, mas, ao mesmo tempo, como autenticação da aprovação divina da liderança de Josué, como sucessor legítimo de Moisés. Foram doze pedras erguidas no local da passagem do povo e doze levadas para o acampamento do povo (4.1-10), uma por cada tribo de Israel.

O segundo exemplo do uso de pedras em Josué vem como resultado do juízo divino sobre a família de Acã. Acã havia tomado do despojo de Jericó para si, o que havia sido proibido por Javé. O resultado foi a destruição de Acã e toda a sua família. Sobre eles, Josué mandou erguer um monte de pedras (Josué 7.26). Este monte de pedras serviria de aviso para quem desejasse desobedecer a Javé, e a recordação do valor da obediência.

O último exemplo é a construção de um altar para memória, construído pelas duas tribos e meia que ficaram a leste do Rio Jordão. A finalidade deste altar era dar às gerações futuras dos dois lados do Jordão a certeza dos laços de irmandade. Eles eram um só povo e tinham o mesmo Deus (Josué 22). Este era o ponto de recordação que traria o altar de pedras.

Uma das pedras mais conhecidas nas Escrituras é aquela que marcou a vitória de Israel sobre os Filisteus, sob o comando de Samuel (1 Samuel 7.12). “Ebenézer” significa “pedra de escape ou ajuda”, numa referência a esta grande vitória de Israel naquela batalha. Mesmo que pudéssemos não ver relacionamento religioso nisso, porém, Samuel fez esta relação religiosa ao declarar: “Até aqui nos ajudou o SENHOR”.

Outro memorial foi erguido por Absalão em memória de si mesmo (2 Samuel 18.18). Prevendo que ele não retornaria da batalha contra o exército de Davi, e não tendo filhos homens para dar continuidade à sua linhagem.

O altar que tinha sido construído no monte Carmelo e que neste texto bíblico foi reconstruído pelo profeta Elias, continha elementos indispensáveis para que uma oferta fosse aceita diante de Deus. O 1º elemento eram as pedras. Em geral eram utilizadas 12 pedras não trabalhadas, como se vê na ordem divina em Êxodo 20:25 – “E se me fizeres um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas…“.

A primeira vez que o Senhor exigiu que fossem utilizadas 12 pedras na edificação de um altar, foi na passagem do rio Jordão, em Josué 4. Cada pedra seria retirada do leito do rio por um representante de cada uma das doze tribos de Israel. O motivo? – O Próprio Deus respondeu: “… assim estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel“. – Js 4:7

A expressão “cabeça da esquina”, “principal pedra angular”, “pedra angular” (grego κεφαλην γωνιας) aparece no NT nos seguintes versículos: Mt 21:42, Mc 12:10-11, Lc 20:17, At 4:11 e 1 Pe 2:7 como citação ou aplicação do Salmo 118:22-23. Uma outra expressão grega (ακρογωνιαιου ou λιθον ακρογωνιαιον) aparece em Ef 2:20 e 1 Pe 2:6 (citação de Is 28:16), traduzido como “pedra angular” ou “principal pedra da esquina”. No AT temos uma expressão semelhante nas seguintes passagens: Jó 38:6 (7 – depende da tradução bíblica), Sl 118:22, Is 28:16, Jr 51:26 e Zc 10:4. Nesses versículos temos, no hebraico, 4 expressões diferentes: Jó 38:6 e Jr 51:26 — eben pinotoh (= pedra de esquina); Is 28:16 — pinat (= esquina); em Sl 118:22 — rosh pinoh (= cabeça de esquina); em Zc 10:4 — pinoh (=esquina); em Zc 4:7 — eben horoshoh (= pedra da cabeça).

A palavra hebraica usada em Is 28:16 e Zc 10:4, pode significar também “ponta” (por exemplo: do altar) ou ainda, figurado, “cabeça” (se referindo a chefes / príncipes das tribos por exemplo), indicando assim o principal, o mais importante.

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