No período entre novembro de 2012 a novembro de 2013, foi perguntado aos entrevistados que tipos de atividades culturais foram realizadas do momento em que estavam sendo questionados até um ano antes. Os resultados mostraram que menos da metade dos consultados praticou alguma ação relacionada à cultura. O estudo foi realizado em 75 cidades das cinco regiões do país e apoiado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet. Foram consultadas 1620 pessoas, entre 16 e 75 anos de idade, das classes A, B, C e D.

Por exemplo, quando perguntados sobre as práticas culturais realizadas fora de casa no último um ano, menos da metade dos 1.620 entrevistados pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), em 74 municípios das cinco regiões do país, respondeu ter feito alguma.

Em geral, é na região Sudeste onde se verifica maior interesse por práticas culturais. O Nordeste e Centro-Oeste aparecem logo em seguida. “Verificamos que o consumidor do Nordeste é o que mais valoriza a opinião de críticos bem como dá mais importância para o local em que a atividade acontece”, informa Gisele Jordão, que dividiu a autoria da pesquisa com Renata Allucci.

culturaGisele aponta a cultura e o conhecimento como ferramentas fundamentais no processo de posicionamento dos indivíduos frente ao mundo, na superação de dificuldades, conquista de bem estar e boa convivência social. “Em síntese, podemos afirmar, segundo os resultados obtidos, que o praticante cultural tende a ser um indivíduo mais equilibrado entre perspectivas individuais e coletivas”.

Entre os que disseram ter saído de casa para alguma atividade cultural, a maioria (42%) relacionou a prática religiosa. “Constatamos que a religião tem grande importância na formação de sentido para o brasileiro. Num certo ponto de vista, podemos dizer que ela ocupa boa parte das práticas sociais da população”, indica Gisele.

Interessante foi notar a perplexidade com que jornalistas em diversos meios de comunicação, transmitiram a notícia. Alguns acharam um absurso considerar a frequência em igrejas como um meio de promoção cultural.

Talvez eles não saibam que muitos jovens encontram um meio adequado para iniciação musical. Outros adolescentes podem optar pela dança como meio de adoração.

A segunda atividade mais citada foi ir ao cinema (38%), seguida por ir a restaurantes (34%), passear ao ar livre/no parque (30%) e viajar (25%). Em sexto lugar aparece ir a show popular (20%), em 11º teatro e em 14º frequentar museus e galerias (4%).

De pai para filho – A pesquisa constatou forte e decisiva influência familiar nos praticantes de cultura, sendo o inverso também verdadeiro. Ou seja, quanto mais incentivo ou exemplo familiar se tem, infinitamente maiores as chances de hábitos com a cultura.

Para o grupo identificado como “não-consumidores” (42%), que tem maior incidência de pessoas acima de 55 anos, com pais que tiveram baixa escolaridade – não tiveram estímulo dos pais para a práticas das atividades culturais porque esses não tinham hábito de praticá-las -, a religião supre a necessidade e o desejo de inclusão na sociedade. Esse grupo também se caracteriza por ter filhos com mais de 18 anos. Assistir programas de TV e ouvir rádio são as outras atividades que mais gostam e fazem.

Em outro grupo, denominado “praticante cultural” (10%), é onde aparece a maior incidência de pessoas que afirmam que os pais realizavam várias atividades, e muitas vezes estimulando diretamente seus filhos, como ler livros, revistas ou jornais, ir a shows, cinema, festas populares, teatro, museu e viajar, entre outras atividades. Eles possuem internet, TV por assinatura, celular, tablet e computador para uso próprio.

Outra conclusão do estudo foi que, quanto maior a proximidade dos indivíduos com práticas culturais, maior o interesse em ampliar seus conhecimentos por meio de novas atividades culturais. Ou seja, quanto mais consomem, mais ecléticos se tornam.