Estudiosos opinam que o Salmo 33 é aberto pelo Salmo 32. Talvez explique a ausência de título. Todo o Primeiro Livro de Salmos é atribuído ao rei Davi. O verso 16 conclui: “Não há rei que se salve com a grandeza dum exército…”. Este salmo é composto por 22 versos, número igual ao alfabeto hebraico.

A raiz da palavra tsadic, é tzedek(צדק), que significa justiça ou integridade. Em árabe a palavra/nome ṣādiq (صادق), possui um significado similar. Esta é a linha com o ditado talmúdico: Rabri Gamaliel, o filho do Rabi Judá haNasi costumava dizer: “Faça a vontade dEle sua própria vontade, que Ele faz sua vontade como a vontade dEle”.

Asaph Borba, no livro Adoração – Quando a fé se trona amor, comenta que no Salmo 33:3, o salmista encoraja os músicos a tocarem (tangerem) não apenas com arte, mas com júbilo (alegria). A palavra hebraica usada nesta passagem é yatab e significa “fazer algo bem, fazer algo bonito, agradável, e bem feito, de modo completo, detalhado e mnucioso. Ele cita Atilano Muradas: “Tocar com “arte” é tocar bem, com técnica, sabendo o que está fazendo com o instrumento musical porque estudou profundamente a respeito dele. Tocar com júbilo é mais do que tocar com alegria. É tocar com a verdadeira alegria advinda da unção de Deus sobre a vida do instrumentista.”

Davi diz, no v.6, que a magnífica obra da criação teve como fonte a vontade e a iniciativa divina: “Pela palavra do Senhor os céus foram feitos e, pelo sopro da sua boca, todo o seu exército” (bidvar yehwâ shamayim ûberûah pîw kol-tseva’am). A expressão “todo o seu exército” é uma referência às estrelas do céu (Gn 2.1).

Os versos 6 a 9 lembram o Poder de Deus na Criação e no sustento de Sua Obra. O Salmo 147:15-18 diz: “Ele envia as suas ordens à terra, e sua palavra corre velozmente; dá a neve como lã e espalha a geada como cinza. Ele arroja o seu gelo em migalhas…Manda sua palavra e o derrete”.

Peter Craigie identifica que a Criação divina da natureza fornece um paralelo ao ato criativo de Deus para possuir um povo santo. A Bíblia não é um livro anti-científico mas pré-científico. Deus é criador e tem um propósito para todos os povos.

  1. Regozijai-vos no SENHOR, vós justos, pois aos retos convém o louvor.
  2. Louvai ao Senhor com harpa, cantai a ele com o saltério e um instrumento de dez cordas.
  3. Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo.
  4. Porque a palavra do Senhor é reta, e todas as suas obras são fiéis.
  5. Ele ama a justiça e o juízo; a terra está cheia da bondade do Senhor.
  6. Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca.
  7. Ele ajunta as águas do mar como num montão; põe os abismos em depósitos.
  8. Tema toda a terra ao Senhor; temam-no todos os moradores do mundo.
  9. Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu.
  10. O Senhor desfaz o conselho dos gentios, quebranta os intentos dos povos.
  11. O conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração.
  12. Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança.
  13. O Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens.
  14. Do lugar da sua habitação contempla todos os moradores da terra.
  15. Ele é que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.
  16. Não há rei que se salve com a grandeza dum exército, nem o homem valente se livra pela muita força.
  17. O cavalo é falaz para a segurança; não livra ninguém com a sua grande força.
  18. Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia;
  19. Para lhes livrar as almas da morte, e para os conservar vivos na fome.
  20. A nossa alma espera no Senhor; ele é o nosso auxílio e o nosso escudo.
  21. Pois nele se alegra o nosso coração; porquanto temos confiado no seu santo

Se o poder dos mares e o tamanho do universo não são nada comparados ao poder dos decretos de Deus, o poder político e militar das nações – conceitos mais próximos e conhecidos dos leitores – também sucumbem diante da onipotência divina (v.10): “O Senhor frustrou o desígnio das nações; anulou as maquinações dos povos”.

Precisamos lembrar que o conceito de nação é relativamente novo, surgido com o crescimento dos mercados e das cidades-estado após a Idade Média. Dessa forma, a expressão povo é mais contextual. Bem-aventurado o povo que teme ao Senhor. No século 21, temos muitos povos que não possuem terra. Portanto não se configuram como nação.

Nos direitos do Rei (Deut. 17:14-20), Moisés advertiu o povo sobre o perigo da monarquia. Caso escolhessem essa forma de organização perigosa, ele estabeleceu limites para os reis quanto ao acúmulo de mulheres, cavalos, prata e ouro.

O Salmo 20 exclama: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus.”

Precisamos evitar a interpretação triunfalista da expressão: “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”. Ela traz um princípio que qualquer povo, compreendido como nação ou não, pode experimentar a Benção de Deus. Isso é possível quando uma boa parte do seu povo busca ao Senhor e pratica a justiça de Deus no seu cotidiano.

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Se Deus tudo pode, também tudo vê. A falta de limites do Senhor é ampla e abrange os mais diversos aspectos. Nesse sentido (v.13), Davi afirma que “dos céus o Senhor observa; ele vê todos os filhos do homem”. É nesse contexto que os israelitas, mais de uma vez, testemunharam o cuidado que Deus tinha com eles. Por isso mesmo (v.20) Davi o chama de “nosso auxílio e nosso escudo”.

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