Inicio uma série de postagens que buscam avaliar as razões e consequências dos atrasos recorrentes de obras públicas. Desde 1986 até 2002, trabalhamos com paradas de unidades de Refino e aprendemos um pouco das atividades que compõe um empreendimento.

Muitas forças estão envolvidas em cada Projeto:

  1. os investidores querem o maior retorno. Se for Estatal, o menor custo. Se Privado, o maior preço para o consumidor;
  2. os contratadores estabelecem o menor prazo possível. Muitas vezes são metas irreais para o nosso contexto;
  3. os projetistas que recebem apenas um escopo básico, mal detalhado pelos gestores. O produto será básico;
  4. os planejadores percebem a discrepância do grande escopo, por vezes incompleto, e do prazo definido;
  5. as empresas contratadas que servem como distribuidores de serviços para mão de obra própria e pequenas empresas quarteirizadas;
  6. sindicatos que são mobilizados para o evento. Muitas vezes são os recrutadores da mão de obra fugindo de suas atribuições sob o manto do TRT;
  7. os fiscais e gerentes que precisam identificar atrasos e erros para a execução dentro do preço e prazo corrigidos;
  8. os agentes fiscalizadores que precisam aperfeiçoar a auditoria das obras na fase de planejamento e licitação;
  9. os clientes que devem receber informações sobre o projeto e andamento das obras.

É preciso distinguir quais os princípios de uma obra ou projeto. Se ele visa atender a população brasileira, a obra deve privilegiar o menor prazo empregando a melhor tecnologia disponível. Isto significa que haverá tantas vagas de emprego quanto maior forem os serviços realizados. Ocorre que os contratadores e sindicatos buscam enxertar, sob o manto do Governo, a maior quantidade de mão de obra. Obras inchadas seguem para pleitos e acidentes exagerados.

Quando nos encontramos diante de problemas estruturais, precisamos redefinir nossas bases ou princípios. Queremos ser uma nação que atrasa obras e paga caro para ter muitos empregos amontoados? Ou queremos ser uma nação que produz mais obras com qualidade e tecnologia com mão de obra mais capacitada e menos manipulada?

Existe muita reclamação sobre os custos “Brasil”. Por um lado, a legislação ambiental e regras de licitação parecem incomodar muito as empresas contratadas que se tornaram verdadeiras “empreiteiras para-estatais” devido à sua relação de dívidas com o Governo. Por outro lado, a irresponsável condução dos projetos, obras e mão de obra amplificam os problemas das grandes obras.

Belo Monte - Historico