Historicamente carente de investimentos e de atenção, a área de infância e juventude no Brasil tem algo a comemorar: a pro­­porção de meninas entre 10 e 19 anos que engravidam tem diminuído no país, e atingiu a menor taxa desde 1994, quando o Ministério da Saúde passou a compilar dados sobre o assunto. O número está em queda desde os anos 2000.

Em 2010, 19,3% dos bebês nascidos vivos eram de mães nessa faixa de idade, contra mais de 23% nos primeiros anos da década passada. No Paraná, a situação é semelhante: a proporção foi a menor registrada em 17 anos – 19,1% dos bebês paranaenses nasceram de mães com até 19 anos. O declínio ocorre desde 1998, quando o índice chegou a 22,8%, o maior de todos os anos.

Apesar da queda na proporção de grávidas adolescentes, o Brasil ainda passa vergonha em comparação com outros países industrializados. Um estudo divulgado pelo Fundo de Populações das Nações Unidas (Funpa, na sigla em inglês) em 2010 mostra que o número de adolescentes grávidas para cada grupo de mil meninas ainda é assombroso: 56, contra uma média de 5 a 10 meninas grávidas/ mil nas demais nações posicionadas à frente do país em termos econômicos, como China (5), Japão (5), Alemanha (10) e França (11). A exceção são os Estados Unidos (41).

A proporção também não segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que o índice de nascidos vivos de mães de até 19 anos não ultrapasse os 10%, ou seja, o Brasil tem hoje uma taxa duas vezes maior do que a considerada razoável. Para mudar esse cenário, é preciso anular um ciclo vicioso poderoso. Estudo da Secretaria de Saúde de São Paulo mostra que, em 69,2% dos casos de gravidez na adolescência, a avó materna da criança também havia sido mãe adolescente.

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