O fenômeno climático “El Niño” pode reaparecer durante o segundo semestre do ano, anunciou a Organização Meteorológica Mundial (OMM). O evento é caracterizado pelo aquecimento incomum das águas do Pacífico, perto da costa oeste da América do Sul e provoca alterações no clima do Brasil. Segundo a nota emitida pela OMM, as condições das águas da região estavam “neutras” desde abril, quando terminou uma ocorrência de “La Niña”. Esse fenômeno é o contrário de “El Niño”, ou seja, é um resfriamento incomum do Pacífico.

O fenômeno El Niño, que representa a fase positiva do ENOS, caracteriza-se pelo enfraquecimento dos ventos alísios2 e o aumento da temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico Equatorial Leste, resultando em águas mais quentes próximas à costa oeste da América do Sul . As conseqüências deste fenômeno para a Região Sul do Brasil são chuvas intensas de maio a julho e primavera, além do aumento da temperatura média. O aumento de precipitação no Sul do Brasil está relacionado com a intensificação do jato subtropical associado a uma situação de bloqueio na troposfera superior, estacionando os sistemas frontais nessa região do país. Como exemplo, citam-se as inundações catastróficas ocorridas em 1983, que afetaram praticamente todos os municípios de Santa Catarina.

Por exemplo, após a ocorrência do El Niño em 1983, o PIB do Peru caiu em 12%, principalmente devido a uma redução na produção agrícola e na indústria pesqueira. A economia nacional levou uma década para se recuperar. Os danos nos países da Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) causados pelo El Niño de 1997/1998 foram calculados em mais de US$ 7,5 bilhões (CEPAL, 1999).

Uma nova imagem da região central do Pacífico, com base em dados coletados entre os dias 20 e 26 de junho, revela um aquecimento de até 2°C acima da média da temperatura das águas da superfície do oceano (a área em vermelho na figura, que se estende da costa oeste da América do Sul e avança para o centro do Pacífico).

Até três meses atrás, a mesma ainda sofria um resfriamento das águas, o que caracteriza a ocorrência do La Niña, o principal responsável pela longa estiagem que afetou o Rio Grande do Sul desde o final do ano passado. O El Niño provoca um efeito inverso: excesso de chuva no Estado, além de temperaturas acima da média.

“A partir de julho podem surgir condições neutras ou um episódio de El Niño, sendo levemente maiores as possibilidades de formação do El Niño. Se considera pouco provável que volte a formar-se um episódio de La Niña”, afirma a nota da OMM.

O boletim indica que, “com base fundamentalmente em um acúmulo de calor na zona mais profunda do Oceano Pacífico tropical produzida desde o início de maio, a maioria dos modelos climáticos estudados preveem a formação de um episódio de El Niño entre julho e setembro e que se prolongará até o final de 2012”.

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