O Jornal La Razon publicou trechos de uma entrevista gravada com Asia Bibi através do celular pelo seu advogado Shahzad Kamra.
” Eu não sou criminosa, não fiz nada de mal. Tenho sido julgada por ser Cristã. Creio em Deus e em seu enorme amor. Se o juiz me condenar a morte por amar a Deus, estarei orgulhosa de sacrificar minha vida por ele”, disse Asia na entrevista.
Segundo afirma o advogado Kamran, faz três meses, que em uma visita a Prisão Central de Sheikhupura, onde Asia permanecia presa aguardando julgamento, Bibi lhe confessou que o Juiz Muhamed Naveed Iqbal (que deu a setença) entrou em sua cela e propôs que ela se convertesse ao Islã, e em troca ganharia a liberdade. Asia lhe respondeu que preferia morrer como Cristã do que sair da prisão sendo muçulmana.
Acusada de “blasfemar” contra Maomé, Asia Bibi, teve sua setença de morte por enforcamento ratificada pelo juiz Naveed Iqbal.

Bento XVI pediu esta Quarta-feira a libertação da paquistanesa Asia Bibi, cristã de 45 anos condenada à morte sob a acusação de blasfémia: “Peço que lhe seja restituída a plena liberdade, o mais rapidamente possível, e rezo pelos que se encontram em situações análogas, para que a sua dignidade humana e direitos fundamentais sejam plenamente respeitados”, disse o Papa, durante a audiência pública desta semana, no Vaticano.

Num apelo lido após a habitual catequese, perante milhares de pessoas, Bento XVI falou da “difícil situação” dos cristãos no Paquistão, alvo da sua preocupação. “Nestes dias, a comunidade internacional acompanha com grande preocupação a difícil situação dos cristãos no Paquistão, que muitas vezes são vítimas de violências ou discriminação”, indicou. “Em particular, hoje exprimo a minha vizinhança espiritual à senhora Asia Bibi e aos seus familiares”, prosseguiu Bento XVI.

A sentença contra Asia Bibi, mãe de cinco filhos, foi divulgada na última semana por um tribunal de Nankana, a cerca de 75 quilómetros de Lahore, capital cultural do país. Para o bispo de Islamabad, Rufin Anthony, trata-se de uma “verdadeira vergonha”, apelando ao fim da lei contra a blasfémia, no Paquistão.

O caso remonta a Junho de 2009, quando mulheres muçulmanas que trabalhavam com Asia Bibi foram ver um responsável religioso e acusaram a cristã de proferir blasfémias contra o profeta Maomé. Várias ONG’s do Paquistão estão a recolher assinaturas para revogar a condenação à morte, juntando-se a instituições católicas. O observatório para a liberdade religiosa no mundo da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) afirma a respeito do Paquistão que “o pior instrumento de repressão religiosa é a lei da blasfémia, a qual continua a causar cada vez mais vítimas”.

Esta lei refere-se na realidade ao Artigo 295, B e C, do Código Penal paquistanês. A secção B refere-se a ofensas contra o Alcorão que são puníveis com prisão perpétua; a secção C refere-se a actos que enxovalham o profeta Maomé, puníveis com prisão perpétua ou com a morte.