Comentamos em Postagem http://migre.me/17zKI do dia 21/08/10, sobre a “pressão” que o Governo federal absorve para injetar dinheiro público em restauração de imóveis arcaicos e pouco visitados como igrejas. Recentemente, furtaram vários objetos da igreja positivista no Rio de Janeiro.
A ideia-chave do Positivismo Comtiano é a Lei dos Três Estados, de acordo com a qual o homem passou e passa por três estágios em suas concepções, isto é, na forma de conceber as suas ideias e a realidade:
- Teológico: o ser humano explica a realidade apelando para entidades supranaturais (os “deuses”), buscando responder a questões como “de onde viemos?” e “para onde vamos?”; além disso, busca-se o absoluto;
- Metafísico: é uma espécie de meio-termo entre a teologia e a positividade. No lugar dos deuses há entidades abstratas para explicar a realidade: “o Éter”, “o Povo”, “o Mercado financeiro”, etc. Continua-se a procurar responder a questões como “de onde viemos?” e “para onde vamos?” e procurando o absoluto;
- Positivo: etapa final e definitiva, não se busca mais o “porquê” das coisas, mas sim o “como”, através da descoberta e do estudo das leis naturais, ou seja, relações constantes de sucessão ou de coexistência. A imaginação subordina-se à observação e busca-se apenas pelo observável e concreto.
Interessante que o primeiro censo no Brasil, realizado no Brasil em 1890, indicava membros da filosofia positivista:
O Positivismo influenciou na elaboração da bandeira republicana. A liderança da manifestação doutrinária política no país era de Benjamin Cosntant Botelho de Magalhães (1836 – 1891).
A inserção do lema na bandeira nacional se deu através do decreto nº 4 de 19 de novembro de 1889, preparado por Benjamin Constant então membro do Governo Provisório e redigido por Rui Barbosa. A idéia da nova Bandeira do Brasil deveu-se ao professor Raimundo Teixeira Mendes, com a colaboração do dr. Miguel Lemos e do professor Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica, e desenhada pelo pintor Décio Vilares. Assinaram o decreto: Marechal Deodoro da Fonseca – chefe do Governo Provisório, Quintino Bocaiúva, Aristides da Silveira Lobo, Rui Barbosa, M. Ferraz de Campos Sales, Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Eduardo Wandenkolk.
Houve inúmeros opositores à concepção da bandeira nacional, entre eles Quintino Bacaiúva, Santos Dumont, Osório Duque Estrada, Visconde de Taunay, Eduardo Prado e Eurico Góes. Estes dois últimos escreveram trabalhos sobre o assunto. Todos listaram vários erros de concepção.
Como exemplo do autoritarismo, os positivistas foram contrários às greves operárias do início do século 20 e se opuseram às campanhas de vacinação. A influência da doutrina de Comte no Exército entra em declínio após 1930, quando acontece a reforma no ensino militar, onde se dá a mudança da Escola militar do Realengo para Agulhas Negras.
Como pode a oposição às camapanhas de vacinação compulsória do Governo ser autoritária? Se alguma coisa, seria anárquica, rebelde, etc. Autoritário (na pior das hipóteses, se não concordarmos com a medida governamental) seria o governo, que usava a coerção, se é que alguém era autoritário na história. Quanto às greves e às questões trabalhistas de modo geral, os positivistas estiveram na vanguarda pela Abolição imediata e sem indenizações aos senhores de escravos (o órgão A Federação é um dos exemplos) quando a própria Igreja Católica possuía escravos (os positivistas expulsaram os senhores de escravos de sua associação e romperam com seus mentores de Paris por causa do tema escravidão), sugeriram medidas de auxílio a negros e índios e defenderam a criação de uma legislação trabalhista nos tempos em que a questão social ainda era um caso de polícia. Os positivistas opunham-se, isso sim, ao uso da violência e à ideologia anaquista, que, trazida por emigrantes europeus, ganhava, então, forte influência sobre o proletariado. A questão trabalhista interessava muitíssimo aos positivistas, pois Comte, o mestre perfeito, ensinou que a grande questão do nosso tempo é, justamente, incorporar o proletariado à sociedade industrial.