Nunca o brasileiro deveu tanto. Entre cartões de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, empréstimos para compra de veículos e imóveis – incluindo os recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) -, a dívida das famílias atingiu no fim do ano passado R$ 555 bilhões. O valor é quase 40% da renda anual da população, que engloba a massa nacional de rendimentos do trabalho e os benefícios pagos pela Previdência Social.
A LCA Consultores constatou que, se os bancos resolvessem cobrar toda a dívida, levando em conta o empréstimo principal e os juros, de uma só vez, cada brasileiro teria de entregar quase cinco meses de rendimentos. Em 2008, eram necessários 4,3 meses de salários, aposentadorias e pensões para quitar os empréstimos. Em dezembro do ano passado o índice era de 4,8 meses, a maior relação entre dívida e rendimentos da série histórica iniciada em 2001, quando dois meses de rendimentos serviam para pagar os empréstimos.
Apesar do endividamento recorde do consumidor, o estudo da LCA mostra que o comprometimento da renda mensal com financiamentos diminuiu nos últimos 12 meses, devido ao alongamento dos prazos de pagamento. De 2006 a 2009, os prazos médios quase que dobraram, passando de 17,3 meses para 31,1 meses.
Outros estudos confirmam que o endividamento do brasileiro é recorde. A Universidade de Brasília, com base no saldo de empréstimos com recursos livres e na massa de salários das seis regiões metropolitanas, sem contar SFH nem Previdência, conclui que o brasileiro em 2009 devia o equivalente a 10 meses e 20 dias de salário, a maior marca da série iniciada em 2004. Em 2008, a dívida, nessa fórmula de cálculo, era menor: 10 meses e 2 dias de salário. Já para a Kantar Worldpanel (ex-Latin Panel), 65% dos dois mil lares visitados na Grande São Paulo e na Grande Rio pela consultoria tinham algum tipo de financiamento em 2009. No ano anterior, esse índice estava em 60%.
A dívida pública federal brasileira, que inclui tudo que o Brasil deve ao mercado interno e ao exterior, foi de R$ 1,49 trilhão no ano de 2009, segundo dados divulgados nesta terça-feira (26) pelo Ministério da Fazenda.
O governo alega que o saldo devedor do Brasil aumentou em função da emissão de R$ 100 bilhões em títulos da dívida para a capitalização do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Na ocasião, o governo decidiu depositar dinheiro no banco para garantir que os empréstimos continuassem a ser concedidos, mesmo diante à crise financeira.
Já o Brasil
Somente no ano passado, o saldo devedor do Brasil teve aumento de R$ 100 bilhões, a maior alta desde 2005. Na comparação com 2008, o aumento foi de 7,15%, quando a dívida do governo ficou em R$ 1,39 trilhão. Apesar do rombo, a dívida ficou dentro da meta do governo, que esperava que o governo fosse ter um saldo devedor entre R$ 1,45 trilhão e R$ 1,6 trilhão.
O Brasil pagou sua dívida com o FMI. Um bom passo, mas falta mais. A dívida externa total do Brasil atingiu, em fevereiro de 2010, US$ 202,987 bilhões, de acordo com estimativa divulgada pelo Banco Central (BC). Em dezembro, a posição estimada era de US$ 198,194 bilhões.
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G/P
Jair