A pedido da Petrobras distribuidora, em 1968, Henfil estudou os programas de treinamento do pessoal de divemas companhias e concluiu que a sua principal preocupação deveria ser a linguagem a utilizar. “Eu precisava encontrar um sistema que respeitasse as peculiaridades, a cultura, os hábitos e tabus do empregado brasileiro. E a premissa era a de que o brasileiro sempre resistiu muito a todo tipo de ensinamento doutoral, moralista.”

Daí nasceram dois personagens saídos do próprio ambiente do trabalho dos frentistas: Zé Moita, que identifica o empregado desleixado, meio tolo, que se recusa a aceitar qualquer orientação e executa suas tarefas com desastrosa autosuficiência. O outro é Lula, a imagem do funcionário esperto, critico, prático e, “sobretudo nomal”‘, define seu criador. As aventuras de Zé Moita e Lula, aprovadas inteiramente pela direção da Petrobras, desenrolam-se num posto de serviço, com situações normais da rotina de um empregado: encher o tanque de gasolina, limpar o para-brisa, calibrar os pneus.

Zé Moita e Lula, de maneira engraçada, vão mostrando o que é certo e errado: “Assim, é fácil vencer e resistência do espectador, ou do leitor, à lição que procuramos transmitir”, explica Henfil, que no ”Jornal dos Sports” do Rio criou personagens igualmente bem-humorados como Urubu, o torcedor do Flamengo, e Bacalhau, torcedor do Vasco de Gama. “Ninguém vai querer se identificar com o Zé Moita, um completo bobo.”

A fixaçáo dos dois personagens será feita em três etapas: Primeiro através do cinema, Zé Moita terá uma voz aparlemada e o Lula será dublado por Zé Trindade, cômico da televisão. Será um filme de cinco minutos, a ser projetado nos postos. As suas atitudes serão novamente exploradas em slides e, em seguida, virão as histórias em quadrinhos, quando os personagens serão velhos conhecidos dos empregados dos postos. “Com um enredo bem descontraído, misturando ensinamentos com situações cômicas, as revistas procurarão não ser pretenciosas, diz Henfil. Ele propõe ainda a impressão das revistas com papel comum de jornal, “para evitar que a delicadeza de um papel luxuoso iniba os leitores (???). Nossa idéia é reproduzir a simplicidade de nossos jornais populares livretos de cordel”.

Do trabalho de Aluizio Magalhães, Dilson Pereira e Henfil a enocmenda era surgir uma Petrobras ainda mais apta para enfrentar a concorrência. Se antes protegia-se ‘apenas com os privilégios de uma empresa estatal, agora, pelo menos na Área da distribuição de derivados de petróleo decidiu aceitar as regras do jogo implacável da concorrência.

Publicidade