O objetivo de uma obra ou construção não deve ser gerar empregos. Enquanto valer este mote teremos uma cultura de atrasos e sobre-orçamantos em nossos empreendimentos. Empregos não são o fim e sim o melhor meio. O objetivo é alcançar o fim planejado. Nem a conclusão da obra é o fim em si mesma, mas sua avaliação de retorno. Retorno para o bem-estar da população e retorno financeiro. Esse tipo de avaliação precisa ser incluída em nossa cultura. Planejamento e segurança devem proporcionar uma ambiente adequado para sua execução.

A quantidade de obras feita no menor prazo possível poderia criar as intervenções que as cidades brasileiras precisam. Muitas vezes, o menor uso de tecnologia pode encarecer o preço total das obras. Além disso, quanto maior o prazo de execução devido à aditivos que revelam descontrole, maior o desembolso não previsto. Difícil é comparar as previsões de contrução do trem-bala e de novas linhas do metrô para o Rio de Janeiro com uma obra recente sob a cidade de Kuala Lumpur (capital da Malásia). Tanto pela importância da intervenção para a vida da cidade bem como pelo menor custo o que se torna vergonhoso para nós.

Segundo o presidente da Aeamesp (Associação de Engenheiros e Arquitetos de Metrô de São Paulo), José Geraldo Baião,  a construção do traçado via túnel pode elevar os custos de quatro a seis vezes. O custo do túnel deve variar entre R$ 3,2 e R$ 5 bilhões, com gastos baseados em um trecho semelhante de metrô. O valor total é de R$ 22 bilhões, financiados pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Pelo menos 16 quilômetros do trem-bala que ligará Rio de Janeiro a Campinas, com passagem pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, serão de túneis no trajeto de São Paulo, podendo chegar a 25 de acordo com o traçado escolhido. O aeroporto está distante 25 quilômetros do Centro de São Paulo. Nos 510 quilômetros do traçado do trem bala, 90,9 quilômetros, equivalente a 18% da obra, devem ter túneis, segundo o estudo elaborado pelo consórcio Halcrow/Sinergia, contratado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para o projeto. As obras civis, que incluem também 107,8 quilômetros de pontes e viadutos, vão custar R$ 24,5 bilhões, cerca de 71% de todo o projetado orçado em R$ 34,6 bilhões.

Há quanto tempo ouvimos sobre planos para construção de novas linhas de metrô para a cidade do Rio de Janeiro? A Linha 3 do Metrô – sob a Baía de Guanabara, era orçada em junho de 2005, em R$ 1,87 bilhões e o prazo de construção era de 4,5 anos. Extensão prevista – 28,5 quilômetros (sendo 5,5 quilômetros sob a Baía de Guanabara), ligando São Gonçalo ao Rio de Janeiro, com 14 estações, esperando receber 470 mil passageiros/dia no primeiro ano de operação.

Há alguns anos foi começado a pensar-se em construir um túnel em Kuala Lumpur (capital da Malasia) que ajudasse a evitar as cheias anuais que assolam aquela cidade asiática. São 9,7 km de comprimento. Durante o desenvolvimento do projeto os engenheiros aperceberam-se que sendo as cheias tão ocasionais, o túnel poderia servir também de auto-estrada subterrânea, aliviando os engarrafamentos habituais no centro da cidade. Assim, a nova estrutura foi projectada para poder funcionar em três modos distintos: como um túnel rodoviário na maior parte do ano; como um sistema misto para pequenas cheias, com o trânsito a circular normalmente e com a água a ser escoada no patamar inferior; e, em caso de uma grande cheia, como um enorme tubo de drenagem, com a água a inundar o túnel por completo.
Neste último caso serão necessárias apenas 48 horas para reabrir o túnel ao tráfego rodoviário. O custo da obra foi cerca de U$ 500 milhões.

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