“E ouviram os filhos de Israel dizer: Eis que os filhos de Rúben, e os filhos de Gade, e a meia tribo de Manassés edificaram um altar diante da terra de Canaã, nos limites do Jordão, do lado dos filhos de Israel. Ouvindo isso os filhos de Israel, reuniu-se toda a congregação dos filhos de Israel em Siló, para saírem em guerra contra eles” ((Js 22:11,12).
Em lugar de imediatamente empreender uma guerra (22:12) com base em Lv. 17:8, 9; Dt. 12:4-14; 13:13-18, as tribos do oeste sábia e providencialmente enviaram uma delegação liderada por Finéias, o zeloso filho do sumo sacerdote, que já estancara um fluxo de apostasia quando Israel se voltara para Baal-Peor (Js. 22:17; Nm. 25). Ele restaurou as tribos do leste “com o espírito de brandura” ou gentileza, tão necessário aos obreiros cristãos (Gl. 6:1; Mt. 18:15). 16. Infidelidade, Traição. Esta palavra também foi usada para com o pecado de Acã (22:20; cons. 7:1), o qual quase arruinou toda a nação.
No entanto, a partilha por sorteio dos lotes, nos quais as tribos já estavam de fato instaladas ou que ainda tinham que conquistar, seria a expressão do domínio soberano de Javé sobre a terra. Ele havia prometido a terra aos pais (Gn 12,7; 13,15; 15,18; 26,4; Ex 32,13; Dt 1,35-36) e efetivamente a conquistou e a deu a seu povo Israel por sorteio. É provável que esse sorteio entre as tribos fosse apenas uma extensão ideal a todo o povo do que realmente havia sucedido no plano do clã e da família. No sistema nômade, os pastos e as fontes de água eram propriedade comum às tribos. Números 26,53-56 apresenta uma proposta de divisão por sorteio com ênfase na divisão em proporção da importância numérica de cada grupo.
“O Poderoso, Deus, o SENHOR . O Poderoso, Deus, o SENHOR, ele o sabe… Se agimos por rebeldia, que Ele hoje não nos preserve. Se nós edificamos um altar para nos desviarmos do SENHOR, ou para sobre ele oferecer holocausto e oferta de alimentos, ou sobre ele apresentar oferta pacífica, o SENHOR mesmo de nós o requeira. Antes, o fizemos por receio de quê, amanhã, vossos filhos digam a nossos filhos: Que tendes vós com o SENHOR Deus de Israel? Pois o SENHOR pôs o Jordão por divisão entre nós e vós e não tendes parte no SENHOR; e assim bem poderiam vossos filhos fazer desistir a nossos filhos de temer ao SENHOR. Por isso dissemos: Preparemo-nos agora, e edifiquemos um altar… para que, entre nós e vós, e entre as nossas gerações depois de nós, nos seja em testemunho, para podermos fazer o serviço do SENHOR diante dele com os nossos holocaustos, e com os nossos sacrifícios, e com as nossas ofertas pacíficas; para que vossos filhos não digam amanhã a nossos filhos: Não tendes parte no SENHOR.” (Js 22:22-27)
Retornando de Siló, as duas tribos e meia levantaram um altar na região ocidental do Vale do Jordão, talvez nas proximidades de Qarn Sartabeh, com vistas para a passagem de Adão que leva pala o Vale de Jaboque. Um grande altar para chamar a atenção. Assim serviria bem como testemunho (22:27,28) para todas as gerações de que as tribos do leste tinham uma porção do Senhor e em Israel. Foi uma atitude missionária? Missões envolve risco e romper as tradições culturais. Afinal, todas as tribos deviam se reunir três vezes por ano à volta do altar de Siló (Êx. 23:17).
O princípio que obtemos nesta passagem é de altar missionário. As 2 tribos e meia de Manassés perceberam que seria necessário criar um espelho do altar erguido em Siquém. O rio Jordão separavam das demais tribos e elas precisavam de um local para congregar-se para as Santas Convocações ou Conselhos de decisão. Os valores em questão eram forma e essência. As demais tribos não aceitavam outro altar e se dispuseram a uma guerra civil. Porém, os líderes controlaram a situação através do envio de um grupo para avaliar a essência do movimento. Geralmente, líderes se deslocam para outros campos e atividades e precisam de avaliação e apoio de seus pastores. O grupo retornou com uma visão transformada pelo propósito esclarecido e aprovou a forma da criação de um novo altar na nova terra. Novas terras exigem novos altares.
A primeira referência a este lugar encontra-se em Josué 3:16, onde se fornece o relato do milagroso represamento das águas do Jordão “em Adão, cidade vizinha de Zaretã”. Mais adiante, o relato declara que, na época em que se fundiam objetos de cobre para o templo, esta fundição era feita no Distrito do Jordão, “em molde de argila, entre Sucote e Zaretã”. (1Rs 7:46) A argila disponível no vale do Jordão contribuiu para a viabilidade de tais fundições de cobre nesta região.
Visto que o lugar de Adão geralmente é situado em Tell ed-Damiyeh (no lado Leste do Jordão, defronte da entrada do uádi Farʽah), e visto que se considera que Sucote ficava a uns 13 km ao NNE de Adão, estes textos parecem indicar que Zaretã ficava no lado Oeste do Jordão, não muito longe de Adão e Sucote. O cume de 82 m de altitude conhecido como Qarn Sartabeh, chamado de “grande ponto característico do vale do Jordão”, é sugerido por alguns como provável localização de Zaretã. (Encyclopædia Biblica [Enciclopédia Bíblica], editada por T. Cheyne, Londres, 1903, Vol. IV, col. 5382) Fica além do Jordão, defronte de Adão, na entrada do uádi Farʽah.
Quando a tribo se tornou sedentária, o mesmo regime fora aplicado às terras de cultivo. A palavra originalmente “pedra”, designa ao mesmo tempo a “sorte” que era lançada e o “lote” que era assim designado. Esta palavra alterna com “herança”. Tal possessão continha com frequência o túmulo da família, ademais, era limitada por marcos que a lei proibiu severamente remover e nela o camponês estava ligado à parcela que havia recebido de seus pais. Ao mencionar a partilha “por sorte da sua herança”, o redator tinha em mente o ideal social de que toda família teria sua terra e desfrutaria dela pacificamente, cada um viveria “debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira” (1Rs 5,5; Mq 4,4; Zc 3,10).