Para a vencedora do McKinsey Award para o melhor artigo de 2011 – “How Great Companies Think Differently,” que o leitor deverá conhecer, as pessoas mais felizes que conhece são aquelas que se dedicam a lidar com os mais complexos problemas.

A famosa professora de Harvard, Rosabeth Moss Kanter, reflete que para muitos empreendedores sociais, a felicidade é proveniente do fato de sentirem que conseguem realmente fazer a diferença. Ela cita  casos como uma equipe da Gillette, diante de um projeto nos Himalaias, aceitou o desafio de alterar a forma como os homens se barbeavam na Índia, onde a prática comum dos barbeiros era a de utilizarem lâminas enferrujadas responsáveis por um número elevado de infecções. Inicialmente, a equipe não queria, de forma alguma, trocar a cidade de Boston pela Índia, mas acabou por considerar a tarefa como uma das mais inspiradoras das suas vidas. De forma similar, uma equipe da Procter & Gamble, responsável pela introdução de fraldas descartáveis na Nigéria, acabou por descobrir a felicidade quando foi obrigada a enfrentar o problema da mortalidade infantil e a imaginar soluções para o mesmo, de que são exemplo as clínicas móveis que enviam um médico e dois enfermeiros para áreas onde a escassez de cuidados de saúde é norma.

Gilberto Dimenstein, um outro escritor, brasileiro e transformado em ativista, distribui felicidade através do empreendedorismo social. Quando o famoso pianista brasileiro, João Carlos Martins, perdeu a capacidade de utilizar quase todos os seus dedos, Dimenstein encorajou-o a ensinar música a jovens desfavorecidos. Alguns anos mais tarde, Martins, agora maestro, respira felicidade. Tem vindo a procurar e a encontrar talentos musicais por todo o Brasil e as suas orquestras juvenis já tocaram no Carnegie Hall ou no Lincoln Center em Nova Iorque. Martins conseguiu, também, recuperar alguma mobilidade nos seus dedos.

Na pesquisa que efetuou para o seu livro Evolve!, Moss Kanter identificou três fontes primárias de motivação nas empresas com elevados níveis de inovação: maestria, pertencimento e significado. A quarta fonte é o dinheiro, mas aparece bem distante das demais. O dinheiro pode representar uma ajuda [na motivação], mas não é ele que faz as pessoas erguerem-se da cama para o trabalho quotidiano nem contribui para que essas mesmas pessoas regressem a casa com um sentimento de dever cumprido ou de realização.

Moss Kanter afirma nunca ter esquecido a história de como é que um diretor geral da unidade de operações da Daimler Benz, na África do Sul, aumentou a produtividade e a qualidade no final do Apartheid, dando aos trabalhadores um objetivo que todos eles valorizavam: fabricar um carro para Nelson Mandela, pouco tempo depois de este ter sido libertado da prisão. A fábrica que era conhecida por dias de trabalho perdidos, por trabalhadores letárgicos e níveis elevados de defeitos, demonstrou ser possível produzir um carro, em tempo recorde, e com um nível de defeitos muito próximo do zero. O orgulho de poderem dar a Mandela um Mercedes ajudou os trabalhadores a manterem um novo nível de performance. E o mesmo acontece a pessoas “presas” a trabalhos rotineiros e entediantes que passam à ação devido a causas que valorizem.