A direção da boate Kiss divulgou uma nota ontem afirmando que a casa estava dentro da normalidade e creditou o incêndio que matou 231 pessoas a uma “fatalidade”. A maior parte das vítimas morreu por asfixia e mais de cem pessoas também ficaram feridas.

A boate Kiss era uma das principais casas noturnas da cidade e era famosa por receber estudantes universitários. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Adelar Vargas, o fogo começou na espuma de isolamento acústico quando um dos integrantes da banda que se apresentava acendeu um sinalizador, que atingiu o teto.

O guitarrista da banda Gurizada Fandangueira, Rodrigo Lemos Martins, disse que o fogo começou depois que o sinaleiro (chamado por ele de “sputinik”) ter sido aceso. Um segurança da casa e o vocalista da banda tentaram apagar o incêndio, afirma o guitarrista, porém o extintor não funcionou.

O incêndio que deixou 194 mortos em 2004 na boate República Cromañón, em Buenos Aires, similar ao que ocorreu neste domingo em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, provocou uma série de mudanças na segurança nas casas noturnas da capital argentina. Na prática, a tragédia na casa noturna portenha gerou uma série de medidas batizadas de “Efeito Cromañon”. Logo após o episódio, que ocorreu no dia 30 de dezembro de 2004, várias casas noturnas foram interditadas no país.

Levantamentos indicaram, na ocasião que das quase duzentas casas noturnas da cidade, somente 61 atendiam às novas exigências de segurança. Investigações policiais e judiciais revelaram que a discoteca República Cromañón tinha o certificado de bombeiros vencido, cerca do triplo de público permitido e problemas com a saída de emergência. A perícia apontou que o uso de pirotecnia provocou o incêndio, que gerou uma fumaça mortal.

Se não aprendermos com as tragédias de países vizinhos, como a Argentina, o que iremos aprender? A tragédia de 2004 deveria ter gerado um trabalho para normatização federal no Brasil mas parece que a fiscalização e regulamentação fica a cargo dos estados que alteram suas leis frequentemente para facilitar o uso em shows e eventos.

O grupo de rock teria o hábito de usar pirotecnia em seus shows, o que não teriam feito naquela noite, sugerindo que a iniciativa poderia ter partido do público. A tragédia provocou prisões de empresários, dos músicos e renúncias de políticos na cidade.

Todo o exagero que o showbusiness já inventou, o Kiss sabe usar como nenhuma outra banda. E era isso que os fãs cariocas queriam e presenciaram na HSBC Arena, em novembro de 2012. O conhecido figurino, acompanhado dos rostos pintados, palco com elevadores e muita pirotecnia deslumbraram a vibrante plateia ao longo da hora e meia de show dos veteranos.

Descendo de uma plataforma do alto da arena, o grupo abriu com os clássicos “Detroit rock city”, “Shout it out loud” e “Caling Dr. Love”. Em seguida, o vocalista e guitarrista Paul Stanley mandou o primeiro “Obrigado” da noite. “Eu não falo português, mas nós estamos aqui de coração. Vamos tocar umas músicas novas para vocês”, disse, antes de começar o riff de “Hell or hallelujah”, do disco “Monster”, lançado em outubro deste ano. Mesmo recente, a música foi cantada com força pelo público, assim como “Wall of sound”, do mesmo álbum.

Explosões, fogos de artifícios e rock and roll: o show do Kiss no Rio de Janeiro

A cada explosão, a cada verso cantado, refrão por refrão, era clara a euforia de quem estava vendo os ídolos de perto. Os fãs pareciam mesmo apaixonados. “Eles fazem o melhor show do mundo. Eu fui em todos dessa turnê aqui no Brasil (em Porto Alegre e São Paulo)”, contou Dênis Mussato, de 42 anos, exibindo sua tatuagem com os personagens da banda. Apesar dos músicos já estarem na faixa dos 60 anos, havia uma quantidade surpreendente de jovens, como notou a estudante de 20 anos Caroline Martins, que maquiou o rosto com a mesma pintura do baixista Gene Simmons: “A gente gosta porque a música deles não tem tempo, é o rock de verdade”, disse.

Enquanto os presentes pulavam e gritavam lá embaixo, os artistas continuavam o espetáculo do excesso. Depois de tocar “Hotter than hell”, Simmons surgiu com uma tocha em forma de espada nas mãos e cuspiu fogo no centro do palco, para delírio da plateia. Em seguida, o baixista e Paul Stanley deixam o palco para solos do guitarrista Tommy Thayer e do baterista Eric Singer. Enquanto o primeiro “atirou” com a guitarra em direção ao teto, o dono das baquetas puxou um bazuca e explodiu canhões de luz cenográficos.

A comercialização de fogos de artifícios possui regras rígidas, em virtude do perigo que representam à vida e a propriedade, o R-105 do Exército Brasileiro (ver Decreto Federal nº. 2.998, de 23 de março de 1999, alterado pelo Decreto Federal 3.665 de 20 de novembro de 2000), classifica os fogos de artifício como de categoria 3, nº. de ordem 2160, Grupo Pi, não estando sujeito à fiscalização federal as atividades de comércio e utilização conforme consta no Art. 10,  do mesmo regulamento. Portanto o registro, controle e fiscalização ficaram a cargo da Policia Civil Estadual (Autoridade Policial).

Para eventos onde ocorrerão à queima de fogos de artifícios classe C e D, é necessária a obtenção de licença das autoridades competentes, em especial da Policia Civil, que é órgão competente para a emissão de licença para a queima destes tipos de fogos de artifício. A Prefeitura Municipal e o Corpo de Bombeiros auxiliam a Policia Civil na repreensão ao comércio ilegal

de fogos de artifícios e expedem alvarás no âmbito de suas competências.