Salmo de Davi, Ao mestre de música: sobre Nehilote
manatze’ach era o levita que dirigia os músicos do Templo. A palavra hebraica netzach, significa “fortaleza, vitória”. Nas batalhas, a música fazia parte das tática israelita. Nehilote poderia significar ‘acompanhada por flautas’ que soavam com abelhas. A palavra está relacionada a outra que significa “perfurar”, “abrir um furo”, de onde se veio a entender uma flauta, portanto, é provável que se pretendesse que essa música fosse cantada com o acompanhamento de instrumentos de sopro, como o cornetim, trompa, flauta ou trompete
O pr. Ariovaldo Ramos comenta sobre este salmo: “O que mais chama atenção nesse salmo de Davi é como ele expõe seu coração em relação aos seus adversários sem se fazer de vítima.”
1-Dá ouvidos às minhas palavras, ó SENHOR, atende à minha meditação.
A expressão mais literal, “pensamentos íntimos”, pode também ser traduzida como “meditação”, como aparece na antiga KJ (1611). Outras versões usam a palavra “gemido”.
2 – Pela manhã ouvirás a minha voz, ó SENHOR; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei.
3 – Pela manhã, ó SENHOR, ouves a minha voz; logo cedo te apresento o meu sacrifício e aguardo com esperança.
O hebraico não tem substantivo aqui, só o verbo anterior “preparar”, que pode ser usado para apresentar algo em uma festa ou cerimônia (23.5). É um termo sacerdotal para preparar o fogo do altar e dispor os pedaços do holocausto (Lv 1.6-7). Uma alusão ao sacrifício diário, à porta do tabernáculo de Deus, local marcado por Deus para falar com seu ungido (Êx 29.42). Davi ora nesse sentido, expressando sua certeza de perdão (expiação) e fé na resposta do Senhor.
Os três primeiros versículos deste salmo é uma adoração. O salmista adora a Deus quando apresenta os seus pedidos em oração.
Observe que a mulher Cananéia adorou a Cristo quando disse: “Senhor, socorre-me!”. Da mesma forma quando o salmista ora a Deus dizendo ‘Dá ouvidos às minhas palavras…’, ele está adorando a Deus.
Por que a oração é adoração? Porque na oração o homem expressa confiança em Deus. Quem ora confia, e quem confia é abençoado por Deus, porque ele é galardoador daqueles nele cofiam.
4- Porque tu, ó Deus, não tens prazer na iniquidade, e contigo não pode habitar o mal.
5- Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade.
A palavra para designá-los é holelim que vem da raiz halel, ou seja, ‘aqueles que louvam a si mesmos’. A iniquidade conduz o homem ao orgulho e avareza que está na raiz de todos os males.
6-Destruirás aqueles que falam a mentira; o SENHOR aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento.
A palavra hebraica é Abbadon que significa destruição. Kazav é a palavra para falsidade ou decepção. A iniquidade leva o ser humano para uma vida de falsidade e mentiras.
7-Porém eu entrarei em tua casa pela grandeza da tua benignidade; e em teu temor me inclinarei para o teu santo templo.
A palavra hebraica é חֶסֶד (chesed) que significa Graça, Favor, Benignidade.
8-Conduze-me, ó SENHOR, na tua justiça, por causa dos que me espreitam. Aplaina à minha frente o teu caminho!
O pr. Ariovaldo conclui: “A beleza do Juízo de Deus não está no fato de que Ele amedronta os homens com sua justiça e, sim, que cada indivíduo é responsável pela sua própria história, decisões, pela sua vida. Porque, só seres responsáveis podem ser julgados. E não temos como fugir dessa existencial característica: o homem é um ser que escolhe. Mesmo que estejamos diante da morte a escolha para morrer é nossa. Naquele momento, fica claro, diante todos os seres vivos que, apesar de subjugados pela circunstância, os senhores da nossa história somos nós mesmos. Um exemplo disso, na Bíblia, são as palavras de Deus a Caim: “o pecado jaz à porta, cabe a ti dominá-lo”(Gn 4.6).
9- Porque não há retidão na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto; lisonjeiam com a sua língua.
10-Declara-os culpados, ó Deus; caiam por seus próprios conselhos; lança-os fora por causa da multidão de suas transgressões, pois se rebelaram contra ti.
11- Porém alegrem-se todos os que confiam em ti; exultem eternamente, porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu nome.
i. Você tem permissão para alegria. “Você tem o convite para um banquete de alegria.” (Spurgeon)
ii. Você tem um comando para alegria: “Venham contritos e perseguidos, sejam alegres! Entrem no palácio do Rei.” (Spurgeon)
iii. Você deveria orar por alegria: “Se você perde a alegria em sua devoção, você será um pobre trabalhador. Você não conseguirá ter uma vida abundante e um poderoso testemunho.” (Spurgeon)
iv. Você tem uma promessa de alegria: “Deus promete alegria aos crentes. A Luz os iluminará. O Senhor tornará a escuridão em dia lindo.” (Spurgeon)
12 – Pois tu, SENHOR, abençoarás ao justo; circundá-lo-ás da tua benevolência como de um escudo.
Lutero, ao fazer o seu caminho para a presença do Cardeal Caetano, que havia convocado para responder por suas opiniões heréticas em Augsburg, foi perguntado por um dos asseclas cardeal , onde ele iria encontrar um abrigo, se seu patrono , o eleitor da Saxônia, deve abandoná-lo? “Sob o escudo dos Céus!” foi a resposta.