A chance de alguém acertar os seis números da Mega Sena equivale à de tirar 23 vezes seguidas a mesma face de uma moeda no jogo de cara ou coroa . O jogador atira a moeda para o alto e a pega em seguida para ver qual lado fica à mostra. Vence quem escolhe a face que fica para cima. Segundo o professor de estatística da USP Adilson Simonis, as chances de ganhar com a mesma face se repetindo desse modo (23 vezes seguidas) são iguais às de quem apostou em um único jogo na Mega Sena e espera ficar milionário no próximo final de semana.
“A dificuldade do jogo é essa: não há uma combinação de seis números mais ou menos provável. A matemática só mostra como é difícil ganhar”, disse. Para fechar todas as combinações possíveis, hoje, um apostador precisaria investir R$ 50 milhões: seriam 50 milhões de cartões a R$ 1 cada. Mesmo assim, ainda correria o risco de dividir a premiação com alguém que pagou um único cartão.
Convém lembrar que a CPI dos Bingos, de 2006, teve um novo foco de investigações: os prêmios milionários da Mega-Sena. O relator da comissão, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), suspeitou de que os prêmios da Mega-Sena, da quina e da quadra da Mega-Sena fossem utilizados para lavagem de dinheiro. A idéia era apurar os dados dos vencedores dos principais prêmios, observando os bilhetes de cada um, as casas lotéricas e as aplicações realizadas.
Para descobrir o tamanho da possível fraude e a forma como atuavam os suspeitos, técnicos solicitaram na quarta-feira à Caixa Econômica Federal informações sobre todos os prêmios pagos desde 12 de maio de 1997, especialmente os que superaram a casa dos R$ 5 milhões e que eram partilhados em grupos – o chamado ‘bolão’.
A data foi escolhida porque a partir deste ano há dados informatizados sobre os concursos da Mega-Sena e da Sena. A CPI dos Bingos trabalhou com duas linhas de investigações: fraudes dos bilhetes e negociatas pessoais. “Por enquanto, não é possível dizer que é fraude. Mas posso afirmar que é necessário investigar as coincidências. A idéia é acelerar as investigações o mais rápido possível”, disse Garibaldi Alves.
De acordo com sua assessoria, em um mês o trabalho deve ser concluído, pois envolve no máximo de 100 a 150 vencedores de prêmios considerados milionários. As suspeitas vieram à tona a partir de apurações realizadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que é ligado ao Ministério da Fazenda.
O órgão investigou prêmios da quadra e da quina da Mega-Sena. Em depoimento à Polícia Federal, por exemplo, Egton de Oliveira Pajaro Júnior, ex-sócio do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira, contou que só ele ganhou de 30 a 40 vezes na Mega-Sena. Sorte ou não, os irmão de Pajaro, Fábio e Cláudio, também eram agraciados com prêmios.
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