Muitos estudiosos têm alertado para a presença estrangeira no estado de Roraima devido à demarcação da reserva indígena que ocupa grande parte daquele território. No final do século 19, o Brasil passou por um risco diante do Colonialismo europeu, particularmente do rei Leopoldo II, da Bélgica. Agora, com as fronteiras do plantio da cana de açúcar sendo alargadas o Brasil corre outro risco de ocupação estrangeira. A venda de empresas brasileiras ligadas à produção e comercialização de alimentos pode ser causa e consequência desse avanço avassalador.

A presença belga na fronteira oeste do Brasil pode ser dividida em três fases subseqüentes e distintas: a primeira vai de 1895, com a compra de Descalvados, até 1897, quando o empreendimento permaneceu como um investimento belga isolado na região. A segunda fase vai de 1898 a 1903, quando um grupo de empresas belgas ou controladas por belgas foram criadas com o objetivo de operar na extração e comercialização da borracha na fronteira oeste, principalmente no vale do Guaporé. A terceira fase, de 1904 a 1912, é marcada pela retirada acelerada dos belgas da fronteira oeste, encerrando com isso sua presença maciça naquela região.

 

O empreendimento de Descalvados estava localizado na fronteira do Brasil com a Bolívia, em uma região isolada, distante dos centros de poder, onde o Estado brasileiro praticamente estava ausente e localizada próximo da estratégica região onde as bacias do Prata e Amazônica faziam a sua intercessão. Soma-se a esses fatores, a sua proximidade das ricas florestas de borracha da região do vale do Guaporé, provavelmente já conhecidas pelos belgas.

 

 

 

 

 Quando Leopoldo II tentou repetir na Ásia o seu feito africano, foi impedido pelas potências européias e pela entrada em cena, naquela região, de duas novas potências nas relações internacionais e na partilha colonial do período: o Japão e os Estados Unidos. A Bélgica e seu rei colonialista foram excluídos da partilha da Ásia. A partir daí os belgas se voltaram para a América do Sul, principalmente para as novas possibilidades de investimentos que estavam se abrindo na região com a expansão da extração da borracha e para as possibilidades colonialistas que poderiam surgir com essa expansão.