Se as igrejas evangélicas estão em crescimento, especialmente evidente com o surgimento de maior número de templos no Brasil, por que sua frequência estaria em declínio?
Em 2010, o Instituto Paracleto postou Igreja e Estado na Europa[1] citando a prejudicial relação entre Estado e Igreja estatal. Linus Morris, em Igrejas de Alto impacto[2], identificou que “a maioria das igrejas protestantes evangélicas francesas é pequena, tendo atingido um patamar de 50 a 60 membros. Elas se reúnem em garagens, lojas ou pequenos prédios…” Na Europa ocidental e setentrional há poucas igrejas grandes. O Censo de Igrejas Inglesas de 1989 indicou que mais da metade da população que frequentava a igreja se encontrava numa congregação de 70 pessoas ou menos, e oito entre dez estavam numa igreja com menos de 120 pessoas.
Linus concluiu: “A falta de igrejas regionais grandes e vitais na Europa pode explicar a baixa frequência generalizada naquele continente. Na Inglaterra, apenas 8% das igrejas têm congregações com mais de 150 pessoas… De acordo com uma pesquisa feita por MARC Europe, um quarto de todos os frequentadores vai as igrejas com menos de 50 pessoas todo domingo. Esse cenário representava 61% de todas as igrejas.”
Os movimentos sociais e populacionais são dinâmicos em cada região do mundo. A História depende da Geografia e isso vale também para a história religiosa. A experiência mostra que existem interligações entre povos e suas culturas. Porém, o declínio da frequência religiosa na Europa pode ser um alerta para o Cristianismo em outras regiões.
Mudança de hábitos na Sociedade, trabalho e famílias
Em 2017, um estudo realizado pela GfK, uma das mais respeitadas empresas de pesquisa de comportamento de consumo, constatou uma mudança significativa do brasileiro na busca pelo entretenimento: aumentou o hábito de promover encontros e diversão entre amigos, dentro de casa!
Em anos anteriores à Pandemia de Covid19, o Instituto Paracleto[3] já identificava a mudança cultural em diversos povos ao redor do mundo. Os grupos de influência passaram a substituir os grandes grupos de afluência. As gerações mais jovens preferem investir tempo em pequenos grupos do que fazer parte de grandes congregações.
A pesquisa revelou que sair para jantar ou fazer “happy hour” tornou-se menos atraente, tanto pelo gasto necessário, quanto pela violência urbana que assusta cada vez mais o cidadão.
A pesquisa foi feita em 17 países, incluindo o Brasil. Em média, 25% das pessoas optavam por entreter os amigos em casa. Os mexicanos (42%) e os argentinos (39%) são os anfitriões que mais recebiam convidados diariamente ou semanalmente, seguidos de brasileiros (36%), italianos (34%) e chineses (30%). Por outro lado, os coreanos (28%) e os japoneses (27 %) eram menos propensos a receber hóspedes em sua casa.
Nós sabemos que a estrutura familiar pode favorecer a cooperação na igreja local. Porém, temos visto mudanças no conceito de família devido a divórcios e novos supridores como avós. Segundo Rodney Stark, autor de O crescimento do cristianismo[4], “…sabemos que a base para o sucesso dos movimentos de conversão é o crescimento por intermédio de redes sociais, por meio de uma estrutura de vínculos interpessoais íntimos e diretos.”
As famílias bem estruturadas são base importante para a comunhão de uma igreja local. A comunhão entre elas estabelece vínculos para edificação e testemunho para formação de novas famílias. Embora muitos jovens busquem independência, os latinos são um grupo étnico caracterizado por ser pouco individualista e mais coletivista.
As comunidades são um grande fator de influência, e especialmente grandes famílias possuem mais poder do que igrejas nas relações e decisões pessoais dos adolescentes e jovens brasileiros. Raramente, será possível ver um jovem mudar de religião contra a vontade de seus genitores, especialmente da mãe.
Metodologia
Este estudo baseia-se na análise de dados provenientes do levantamento de frequência realizado pela equipe de Recepção da igreja. Foram utilizados códigos em Python para realizar a análise descritiva das séries temporais relativas aos cultos dominicais de janeiro de 2022 a agosto de 2024.
Na próxima postagem, traremos mais gráficos obtidos e as conclusões do estudo.
Os dados de presença (manhã e noite) foram tabelados e plotados no Gráfico Frequências 2022 – 2024 em linha, denotando maior frequência matutina.

[1] https://institutoparacleto.org/2010/05/30/igreja-e-estado-na-europa/
[2] https://institutoparacleto.org/2015/09/07/igreja-estado-e-suas-estruturas-em-adaptacao/
[3] https://institutoparacleto.org/2017/09/11/relacoes-pessoais-frequencia-e-comportamento-no-brasil/
[4] https://institutoparacleto.org/2015/05/30/familia-comunhao-e-servico/
