Na figura 2 abaixo, os gráficos mostram os quartis e mediana superiores dos cultos matutinos em comparação aos cultos noturnos nos anos de 2022, 2023 e 2024.

Gráfico Boxplot Cultos manhã e noite, 2022 a 2024
| Ano | Culto | Média | Mediana | Desvio-padrão | Variância |
| 2022 | Manhã | 340,500000 | 345,0 | 88,371209 | 7809,470588 |
| 2023 | Manhã | 358,754717 | 364,0 | 84,672197 | 7169,380987 |
| 2024 | Manhã | 435,088235 | 423,5 | 99,327547 | 9865,961676 |
| 2022 | Noite | 253,788462 | 258,0 | 59,158589 | 3499,738688 |
| 2023 | Noite | 237,037736 | 227,0 | 77,802008 | 6053,152395 |
| 2024 | Noite | 234,647059 | 237,0 | 52,966474 | 2805,447415 |
A matriz de correlação é um estimador preliminar a nos indicar a existência ou não de correlação negativa (ou positiva) entre as variáveis “Noite” e “Manhã”.
A correlação (Manhã, Noite) = 0,23. De acordo com a hipótese nula de não correlação: p-valor bicaudal 0,0063. O valor P é uma medida da significância global da equação de regressão múltipla, o que nos leva a aceitar a Hipótese Nula de que tais parâmetros são iguais a zero, e afirmar que a variável “MANHÔ é pouca significativa para explicar o comportamento da variável “NOITE”. Portanto, além de pouca significativa, o coeficiente levemente positivo da variável “MANHÔ ainda nos indica que um aumento na frequência do culto matutino poderia implicar em um incremento na frequência do culto noturno.
A pergunta necessária é saber se há uma correlação entre as frequências e, se confirmado, estabelecer uma regressão linear. Foi calculado a equação da reta na forma Y=b+mX, onde b é o coeficiente linear (intercepto) e m é o coeficiente angular (inclinação).

Desenvolvimento e resultados
Marcos Aurélio Siqueira de Souza e Ricky Castro, no TCC BANCOS VAZIOS: UMA PESQUISA SOBRE AS RAZÕES DA BAIXA FREQÜÊNCIA AOS CULTOS DOMINICAIS ADVENTISTAS[1], estudaram as causas da baixa frequência dos membros aos cultos de domingo à noite nas igrejas adventistas da região central do Estado de São Paulo. Tendo em vista que o domingo é um dia em que a maioria das pessoas não trabalha e nem estuda, esta pesquisa procura saber se esses fatores são de natureza geográfica, social, pastoral, financeira, espiritual, litúrgica ou de outra não especificada. O resultado dessa pesquisa aponta para seis razões principais da ausência de membros aos cultos dominicais adventistas, à saber: (1) programação pobre e sem conteúdo apresentada por pastores e líderes; (2) falta de envolvimento da igreja local com a comunidade; (3) desinteresse dos membros pelas atividades espirituais; (4) problemas na comunhão do crente com Deus; (5) falta de visão missionária da liderança e (6) o apego dos membros às programações da televisão brasileira.
As Assembleias de Deus estabeleceram os domingos pela manhã ocupados pelo ensino Bíblico, com material padronizado pela CPAD, e dentre suas igrejas, poucas oferecem culto matutino.
Em 2010, escrevemos no Blog Paracleto sobre frequência nos cultos das igrejas[2], citando Dave Olson, que no artigo Empty Pews, Signs of Hope, revelou que cerca de 40% dos norte-americanos frequentavam a igreja semanalmente. As projeções indicavam que em 2020 cerca de 14% iriam à igreja, caindo para 10% em 2050. George Barna, a partir de suas pesquisas, predizia que a participação na igreja local seria trocada pela igreja pessoal ou individual.
Pequenos grupos e confiança interpessoal
Em 2015, o Instituto Paracleto realizou pesquisa sobre conhecimento e interesse dos membros de uma igreja evangélica no processo de mudança para implantação de pequenos grupos. A pesquisa revelou que 29% dos entrevistados participavam de 2 (duas) ou mais reuniões semanais. Outro grupo que representava 26%, participavam dos cultos dominicais inclusive das aulas da Escola Bíblica Dominical. Outros 23% participavam apenas de um culto dominical (manhã ou noite). Cerca de 8% participam das reuniões dos grandes grupos como Jovens, Mulheres, Homens e Adolescentes e apenas 4% frequentavam o culto de oração na quarta-feira.
A pesquisa indicou ainda que 55% dos entrevistados participavam de algumas atividades além dos cultos dominicais. É um número que se aproxima da autoavaliação dos 2/3 que se classificaram como atuantes. De qualquer forma, uma inovação do processo religioso buscaria alcançar e motivariam os membros menos ativos.
Em 2024, o Paracleto pesquisas realizou nova pesquisa sobre o desempenho de Pequenos grupos e uma das perguntas aos entrevistados buscou avaliar a frequência aos cultos.
Se a religião é importante, então o compromisso pessoal será proporcional. O serviço voluntário é um dos indicadores de prontidão e engajamento dos cristãos em relação à sua igreja local. Entre 2008 a 2017, o Pew Research pesquisou o nível de importância que alguns povos deram à religião cristã[1] em diferentes contextos culturais. O mapa abaixo revela alguns desses percentuais de cristãos que responderam se a religião era muito importante em suas vidas.

Figura 5 Importância da religião entre povos de maioria cristã
Ryan Burge, pastor e professor do Eastern Illinois University, postou em sua conta no X que a frequência nas igrejas dos EUA guarda relação com o nível de confiança no próximo. Na última década de 2010 a 2020, a confiança caiu interpessoal e a frequência também. É o que chamamos de correlação negativa.

Conclusões:
Os dados de presença (manhã e noite) foram tabelados e plotados em Gráfico de Frequências em linha, Boxplot e Dispersão XY evidenciando maior frequência nos cultos matutinos. A pesquisas qualitativas realizadas sobre pequenos grupos em 2015 e 2024, indicam que houve um decréscimo de frequência entre aqueles crentes que participavam de dois cultos semanais.
Um erro comum é concluir que correlação implica causalidade, especialmente se a correlação é considerada fraca. Com base nos dados de frequência dos cultos de 2022 a agosto de 2024, foi possível predizer que 16 % dos frequentadores do culto da manhã voltariam no culto da noite com mais 184 presentes que participam apenas do culto noturno.
Porém, a análise feita por ano, observa-se que a frequência dominical dos cultos matutinos está aumentando e os cultos noturnos decrescendo, o que enfraquece a hipótese de uma correlação estatisticamente significativa.
A falta de segurança na cidade parece ser a principal causa para a baixa frequência nos cultos da noite. Em muitas igrejas evangélicas, os cultos de maior frequência eram os noturnos. Geralmente, estavam associados à maior presença de jovens. As atividades semanais como trabalho e estudo ocupam muito tempo de dedicação. Alguns empregos exigem trabalho aos sábados e domingos.
Uma hipótese antiga e pouco estudada é que a presença dos membros na EBD contribui para a presença no culto matutino. A experiência comum entre os pastores conclui que sim. Na pesquisa qualitativa, 46% dos crentes frequentam aulas na Escola Bíblica Dominical.
[1] https://www.pewresearch.org/short-reads/2018/08/22/the-worlds-most-committed-christians-live-in-africa-latin-america-and-the-u-s/
[1] https://revistas.unasp.edu.br/kerygma/article/view/301/305
[2] https://institutoparacleto.org/2010/03/09/qual-e-a-assistencia-de-nossas-igrejas/
